O jornalista e director do Jornal “O Crime”, Mariano Brás, viveu momentos de terror no último sábado, 6 de Setembro, ao ser sequestrado à porta de sua residência, por quatro indivíduos, entre os quais alegados agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e militantes do MPLA que o prometeram cem mil dólares para não publicar a matéria que envolve o PCA da Sonangol, Pai Querido.
O sequestro, que durou cerca de quatro horas, teve início por volta das 17h, quando Mariano foi abordado por um grupo de homens a bordo de uma viatura, enquanto estava a aguardar por Aniceto que no telefonema apresentou-se como sendo representante do PCA da Sonangol e que era a pessoa indicada para tratar sobre o assunto do actual “caso Sonangol”.
Segundo o relato do jornalista, o amigo, Filomeno Pedro Sebastião com quem estava acompanhado sentiu-se desconfiado com a abordagem e decidiu sair da viatura em que foram convidados a subir. Minutos depois, Apareceu um individuo identificado por José ao local que conduzia um veículo do tipo Prado, “ modelo semelhante aos oferecidos aos campeões africanos de basquetebol”, acompanhado de outro homem descrito como de voz rouca e postura intimidatória.
Mariano e Filomeno foram novamente convidados a entrar na outra viatura viatura. O jornalista foi colocado no banco traseiro entre os dois homens armados, e Filomeno no banco da frente. Ao perceber a presença de uma arma sob o assento, Mariano alertou o amigo, que imediatamente saiu do veículo gritando por socorro. Para silenciá-lo, os sequestradores o transferiram para outro carro, escoltado por um terceiro elemento armado com uma pistola do tipo Makarov.

De acordo com Mariano, os sequestradores afirmaram estar a agir sob ordens superiores e insinuaram que o objectivo era obter a matéria investigativa que o jornalista preparava sobre alegados desvios financeiros que envolve a Sonangol, pagamentos indevidos a figuras públicas e tentativas de manipulação da opinião pública contra a governação do Presidente João Lourenço.
“José me disse: Há quatro cotas que querem a tua cabeça. Eu estou a fazer contenção. Colabora, senão vão te eliminar, porque os cotas não te gostam”, relatou o Mariano.
Os sequestradores seguiram para uma área isolada no bairro Cassequel do Lourenço, próximo a um posto do SME, conforme contou a fonte. Sob a mira de duas armas, Mariano foi forçado a desbloquear o telefone e entregar todas as informações que tinha sobre o caso.
Depois de obterem os dados, exigiram que o jornalista apagasse todas as publicações relacionadas ao caso da Sonangol nas suas plataformas digitais e o alertaram para que nunca mais escrevesse sobre altos dirigentes, magistrados, membros do MPLA, ou oficiais da polícia.
“Disseram-me: A vida é só uma. Se voltares a escrever sobre esses assuntos, não te deixaremos vivo”, revelou.

Os sequestradores deixaram Mariano Brás nas imediações da sua residência por volta das 21h. O jornalista disse que formalizou uma queixa junto do Departamento de Crimes Organizados do SIC, onde o processo corre sob o número 10.12/025-DCCO, e também junto da Direcção Geral de Inspecção da Polícia Nacional.
Segundo Brás, o sequestro teve como motivação clara impedir a publicação da investigação sobre o caso Sonangol. O jornalista afirma ter provas, incluindo mensagens e registros de conversas, que ligam directamente os sequestradores a representantes do referido dirigente.
“Não há dúvidas de que o Presidente do Conselho de Administração da Sonangol está por trás deste sequestro. A pessoa que me abordou, o Sr. Aniceto, disse ser representante directo dele e confirmou que o dinheiro era para me silenciar. Eu aceitei o encontro, na perspectiva depois fazer provas de que recebi este dinheiro e tentaram me subornar”, concluiu.
Fonte: Jornal Hora H