Depois de o MPLA ter o seu pior resultado de sempre, apenas 51% dos votos expressos, tendo perdido cerca de um milhão de votos em comparação com as eleições de 2017, passando de 4,11 milhões para apenas 3,16 milhões, no pleito eleitoral de 2022, o partido no poder, acaba de dar o seu primeiro secretário em Luanda, Manuel Homem, a “missão espinhosa” de retirar a organização da inércia que se encontra, depois de ter perdido à capital, principal “pulmão económico” do País.

Os resultados que “mudaram o mapa político do País”, segundo alguns analistas políticos, “continuam a complicar a vida do primeiro secretário do MPLA em Luanda, Manuel Homem, que continuam a ser fragilizado pelo fenómeno “descontentamento”, na sequência das fracas políticas do Executivo, sobretudo no que diz respeito ao desemprego da juventude.

“Todos os que votaram para a UNITA nas eleições passadas em Luanda, não são seus militantes. A fúria de má governação, corrupção e desemprego, ditaram a queda do MPLA em Luanda e nas duas províncias (Cabinda e Zaire) que produzem 90% do Orçamento Geral do Estado País”, disse ao Jornal Hora H, o analista político Aureliano Sapolo Neto.

Para o analista com o avanço do desemprego, uma economia estagnada e escândalos na sequência de actos de corrupção que acontecem no País, e se não haver a tomada de media, os eleitores poderão nas próximas eleições punir o MPLA.

“É um sinal para todos que a maré no nosso País está virar”, observou o analista que destacou a capacidade mobilizativa do actual primeiro secretário de Luanda do MPLA.

“É um primeiro secretário muito disponível, mas o Executivo tem que ajudar essa disponibilidade para que nas próximas eleições, o MPLA em Luanda vença as eleições”, concluiu.

O professor universitário, Alberto Simene Noqui, lembra que na capital a UNITA passou de 757 mil votos em 2017 (35,44%) para mais de 1,23 milhões (62,59%), um movimento que já se previa, mas indiscutivelmente teve uma dimensão maior do que era estimado pelo partido do poder. 

“Ganhar na província capital com uma diferença de dois para um é na verdade um resultado que não resume apenas aos números. Deixa já prever que se as autarquias vierem mesmo a ser implantadas, a oposição pode lidera os municípios na capital, com a importância política que isso significa”, referiu Alberto Simene Noqui que também, elogia a forma como, Manuel Homem, não perde “sono” na capital, onde todos os fins-de-semana, interage com as comunidades.

“Manuel Homem tem a missão de salvar o MPLA em Luanda. Essa salvação, tem que ser acompanhada com boas políticas do Executivo, sobretudo aqui na capital, para reduzir os índices do desemprego, a pobreza e a fome”, acrescentou.

O analista entende que, Manuel Homem, tem um forte adversário, que é Adriano Sapinãla, secretário provincial de Luanda da UNITA, que saiu em Benguela, onde teve sucessos com a eleição de dois deputados no círculo provincial.

“É um político da dimensão do Ekukui, que derrotou Bento Bento em Luanda. A semelhança de Manuel Homem, Sapinãla, também não perde “sono”, movimentando-se todos os finas-de-semana, na capital a mobilizar a população, com a denuncia de ma governação do Executivo”, referiu.   

Para além de Luanda, Manuel Segundo Pindi, membro da sociedade civil, destacou também para as vitórias da UNITA no Zaire e em Cabinda, onde está a indústria petrolífera, o coração da economia angolana, mostrando claramente que as populações daquelas regiões não estão satisfeitas com a forma como têm sido tratadas pelo Governo.

“Uma palavra especial para os deputados que elegeu em Malange, que muitos diziam ser um bastião do MPLA, para a eleição pela primeira vez de um deputado na Huíla e no Kuanza Norte, para os dois deputados que conseguiu na Lunda Norte e Lunda Sul”, lembrou salientando que deve olhar-se com bastante atenção ao crescimento da UNITA no norte do território, onde para os casos já falados, se junta o Uíge e Bengo, onde conseguiram dois deputados em cada uma das províncias.

“O MPLA deve trabalhar seriamente em Luanda, onde o seu secretário é muito dinâmico. Caso contrário as coisas terão outro ritmo nas próximas eleições”, concluiu.

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