Tão logo que se atreveu a manifestar publicamente a intenção de avançar com a sua candidatura à presidência do MPLA no próximo Congresso Ordinário, o general Francisco Higino Lopes Carneiro passou a ser considerado pelos Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) e Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM) como “persona non grata”.

Segundo fontes do Imparcial Press, nos últimos tempos, o SINSE intensificou as  acções de vigilância contra o também empresário. “As suas declarações foram classificadas como perigosas pela Presidência da República, e houve a necessidade desses dois órgãos de serviços de inteligências redobrar a vigilância contra o mesmo”, explicou a nossa fonte.

Conforme as explicações, o general Higino Carneiro – que até ao princípio do ano passado era quase ignorado pelos SINSE e SISM – ascendeu na tabela onde consta centenas de individualidades angolanas (nomeadamente: políticos, jornalistas, empresários e activistas) que são milimetricamente acompanhados e fustigados pelos serviços de inteligências.

O próximo Congresso Ordinário do MPLA, que poderá ocorrer entre fins de 2025 ou 2026, tem como os potenciais candidatos à presidência do MPLA, além de Higino Carneiro, o ex-presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”, o ex- secretário-geral do MPLA, Álvaro Manuel de Boavida Neto, o actual director geral do SINSE, Fernando Miala e António Venâncio.

João Lourenço pode ficar de fora

Os estatutos saídos do último congresso ordinário do MPLA, realizado entre 9 e 11 de Dezembro de 2021, incluem alterações que afastam João Lourenço da corrida à liderança do partido, no próximo congresso ordinário previsto para 2026.

Anotados através do Despacho nº 5/23, de 6 de Junho do Tribunal Constitucional, e publicados em Diário da República nesse mesmo dia, os novos estatutos do MPLA determinam, no número 1 do seu artigo 120°, que “o Presidente do Partido encabeça a lista de candidatos, pelo círculo nacional, sendo candidato a Presidente da República”.

A nova norma introduzida num conclave realizado sob as ordens directas de João Lourenço coloca assim o próprio numa situação de inelegibilidade para presidente do partido em 2026, uma vez que o líder a ser eleito será necessariamente o candidato à chefia do Estado, cargo limitado a apenas dois mandatos que, entretanto, já estarão cumpridos pelo actual inclino da  Cidade Alta.

Em 2026, João Lourenço vai deixar a liderança do partido, por imperativo estatutário, ou seja, sem pressão, e vai continuar na chefia do Estado até à eleição do novo Presidente da República no ano seguinte”, compara outro constitucionalista que acredita não existirem condições “políticas, económicas, sociais nem psicológicas” para uma alteração constitucional na legislatura corrente que implique outra leitura dos factos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você não pode copiar o conteúdo desta página