Um grupo de trabalhadores da Sociedade Mineira de Catoca, Lda., uma das maiores empresas diamantíferas de Angola, denunciou alegadas práticas de má gestão, favorecimento a expatriados e utilização indevida de fundos corporativos sob a liderança do Director-Geral Benedito Paulo Manuel.

De acordo com as denúncias, apresentadas por funcionários que preferem manter o anonimato por receio de represálias, o dirigente estaria em desacordo com a visão do

Presidente da República, e teria canalizado recursos da empresa para fins de autopromoção, em detrimento das necessidades internas dos trabalhadores.

Os denunciantes afirmam que Benedito Paulo Manuel tem investido quantias avultadas em prémios internacionais e em campanhas de imagem, recorrendo ao pagamento de influenciadores e plataformas digitais para promover uma “Catoca idealizada” que, segundo eles, “só existe no papel”.

“Enquanto o diretor se preocupa em projetar uma imagem perfeita, os trabalhadores vivem em condições precárias, com salários estagnados e falta de reconhecimento”, relatou um funcionário com mais de dez anos de Casa.

Um dos exemplos que mais indignação provocou entre os colaboradores foi o patrocínio milionário a uma equipa de basquete, quando muitos funcionários enfrentam dificuldades financeiras e condições laborais degradantes.

A crescente insatisfação interna levou os trabalhadores a ameaçar com manifestações e paralisações, caso não sejam atendidas as reivindicações por reajustes salariais e melhorias estruturais nas minas e alojamentos.

Além dos actuais trabalhadores, também ex-funcionários da Catoca voltaram a manifestar-se publicamente, exigindo indemnizações e reconhecimento de doenças profissionais adquiridas ao longo de mais de 16 anos de trabalho nas minas.

Num documento assinado por antigos operários – 143 no total, dos quais 43 já faleceram -, 0s ex-trabalhadores acusam a empresa de “descartar- se das responsabilidades sociais” e de abandonar doentes crónicos sem o devido  acompanhamento.

“Demos a nossa juventude e a nossa saúde à Catoca. Fomos despedidos com indemnizações mínimas, mesmo depois de contrair doenças graves provocadas pelas condições de trabalho”, lê-se na carta dirigida às autoridades.

Os signatários referem ainda que vários processos judiciais foram instaurados, mas permanecem estagnados nos tribunais, sem decisão há vários anos.

A Sociedade Mineira de Catoca é responsável por uma das maiores minas de diamantes a céu aberto do mundo e constitui um pilar estratégico da economia angolana.

As alegações de má gestão e desrespeito pelos trabalhadores surgem num momento em que a pressão pública por transparência e responsabilidade social nas empresas públicas e mistas ganha força em Angola.

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