O antigo secretário-geral do MPLA, Marcolino Moco, diz que está “cada vez claro” que, à volta do MPLA, está montada uma máquina para sabotar todas as oportunidades de avanço do País, para que grupos que se renovam constantemente, se aglutinem à volta de quem seja o epicentro desta fórmula obsoleta.

JORNAL FAX: PEDRO VIVENTE

“Por volta de 2001, fui chamado à sede do partido pelo então Secretário-Geral João Lourenço, e bem se via, que “a mando superior”, para que eu deixasse de criticar, publicamente, o então slogan do regime, segundo o qual era preciso “fazer a guerra para acabar com a guerra”, lembra Marcolino Moco que recusou-se aceitar este conselho.

“Porque sabia que internamente era impossível levantar o problema, pelas características leninistas que vigoravam, mesmo depois de já proclamada a democracia no País e dentro dos partidos, não aceitando, por outro lado, enterrar a minha condição de cidadão angolano, perante uma linha que eu achava, e como se comprova até hoje, errada”, acrescentou.

Marcolino Moco lamenta como a UNITA continua a ser tratada como parte vencida e por isso “sem direito à palavra”.

“Verifique-se o recente e estrondoso comunicado do MPLA contra os sempre sem razão alguma”, acrescentou.

Lembrou que em 2009, “ainda como cidadão e até simples ser humano, conhecedor mínimo da história do constitucionalismo moderno e sua articulação com a realidade de cada País e do País em particular, manifestou o seu desacordo total com uma “Constituição” que dando tantos poderes ao PR e subtraindo-o de todos os mecanismos formais e materiais de fiscalização e controlo iria “dar bandeira”, como está dar.

“Dessa vez, foi o agora apodado, em alguns textos de “mando superior”, como “primo” de um putativo candidato a Presidente do MPLA, quem me chamou. Já não foi na sede do partido, onde era agora ele quem ocupava o posto também de Secretário-geral, mas sim, na Assembleia Nacional, para que o enxovalho fosse mais impactante”, disse salientando que a ser o Chipenda desse tempo.

“Tudo muito intrigante, para muitas vezes, como o tenho dito, pensar que alguém acima do MPLA, dentro ou fora do País tem estado a bloquear a estabilidade política, económica e social de Angola, utilizando a cobardia e a mesquinhice, dentro daquele partido histórico”, referiu.

Marcolino Moco reiterou a reconciliação a todos, não tanto para salvar os partidos históricos (no caso do MPLA, sempre em torno de uma só pessoa) mas, salvar o País da hecatombe.

“Apoio as palavras de Dino Matross, sobre o surgimento de candidaturas múltiplas, mas que JES seja o último a ser apresentado como o bode expiatório de todos os males que são uma herança colectiva do MPLA”,

“Retirem o título de “novo Chipenda” ao General Dino Matross (que, por acaso, também é primo de JLO) que cada tempo tem o seu problema fundamental que deve ser resolvido”, apelou sugerindo que se negoceie, se necessário, com os que do exterior ou do interior acham que sem desestabilização não vão levar nada ou vão levar pouco.

“Angola é grande e tudo chega para todos. Sintamos vergonha, como políticos, do mal que temos feito ao país e aos povos de Angola, desde a independência”, concluiu.

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