O sentimento de insatisfação é cada vez mais crescente, no seio dos habitantes da província do Kuanza Norte, que conta com um aeroporto batizado com o nome de comandante Ngueto, que só recebe aeronaves Presidenciais e ministeriais.

PEDRO VICENTE

O empreendimento que custou aos cofres do Estado cerca de 60 milhões de dólares, é considerado como um investimento perdido, já que não beneficia os habitantes locais, estando apenas ao serviço dos governantes.

“Desde que foi inaugurado nos finais de 2011, este aeroporto, só foi construído para atender os governantes é a Presidência da República”, desabafam os habitantes desta província frisando que, não recebe voos comerciais, apenas alguns fretados para o transporte de material de alguns operadores de telecomunicações e bancos.

Este aeroporto é conhecido como “o aeroporto mais solitário do País ” por não receber passageiros.

“Não sabemos as razões da sua construção”, lamentou o munícipe António Junqueira de Almeida, que defende que o espaço seja ocupado com outras infraestruturas.

Para o economista Paulo Dala, acima de tudo, o transporte aéreo é bastante dinâmico e eficaz, e oferece inúmeras vantagens se comparado a outros meios.

“O avião percorre longas distâncias com mais rapidez, possui um alto grau de segurança, possibilita a realização de viagens nacionais e oferece menor risco de danos às mercadorias transportadas, entre outros”, assinalou o economista lamentando que, este benefício os kwanza-nortenhos, não tem acesso.

“Antes de mais nada, a importância do transporte aéreo na economia globalizada é única, isso porque o meio aéreo é considerado um verdadeiro insumo produtivo para centenas de milhares de empresas do mundo afora, visto que as maiores organizações o utilizam intensamente para deslocamento rápido de empresários, bem como de executivos, técnicos, cargas, correspondências e muito mais”, disse.

O sociólogo Paulino Malungo, diz que o transporte aéreo é o meio de deslocamento de pessoas e produtos que mais se desenvolveu ao longo do século XX, permitindo superar grandes faixas de mares e oceanos, territórios inóspitos e relevos acidentados, encurtando o tempo de maneira tão extraordinário como foram as ferrovias no século XIX.

“Qual foi o objectivo do Executivo construir este grande empreendimento hoje, votado ao abandono?”, questionou o sociólogo, frisando que investimento aplicado no aeroporto deveria ser canalizado noutra área.

A infra-estrutura aeroportuária foi inaugurada em Dezembro de 2011 depois de ter beneficiado de obras de requalificação, orçadas em cerca de 60 milhões de dólares. Compreende um hangar com capacidade para quatro aviões, unidades dos Serviços de Bombeiros, stocks de combustíveis, estacionamento de viaturas e placa de apoio à descolagem e aterragens de aeronaves.
O seu terminal (aerogare) pode receber 100 passageiros e está equipado com tecnologia de ponta. Possui salas de embarque e desembarque, passadeiras rolantes, sala VIP, restaurante, lavabos, sistema de som e placares informativos, e está totalmente climatizada.
Tem uma pista de 2.300 metros de comprimento e 30 de largura e faixas laterais da pista com 75 metros em cada lado. O recinto aeroportuário conta ainda com serviços de meteorologia, alfândegas e uma unidade da Polícia Nacional, que concorrem para a sua segurança e o normal funcionamento.
O empreendimento aeroportuário localiza-se na localidade de Carianga, no município de Cazengo, a sete quilómetros de Ndalatando, capital da província do Kwanza-Norte.

Está a pouco menos de mil metros da estrada nacional 220, que liga Luanda às províncias do leste do país, Malange, Lunda-Norte e Sul e Moxico.

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