O Presidente da República destacou, sábado, na província do Huambo, o papel das igrejas no processo de formação do homem angolano, tendo sublinhado que elas constituem, por isso, verdadeiros parceiros do Estado.

Ao falar à imprensa, no final da visita efectuada à Missão Evangélica do Dondi, a 70 quilómetros da sede da província, para se inteirar do estado das obras do Campus Universitário daquela Igreja centenária, numa oferta do Governo de Angola, João Lourenço reconheceu que só o Estado não será suficiente para dar resposta aos desafios ligados à formação dos jovens e dos homens, de uma maneira geral. “É assim que conta com a parceria das igrejas e de outras instituições da sociedade civil”, ressaltou o Presidente da República, enfatizando, a propósito, a contribuição das igrejas cristãs em Angola, tais como as evangélicas ou protestantes e a Católica, sem prejuízo de outras fora deste âmbito.

O Chefe de Estado disse ser neste quadro de apoio recíproco que as duas instituições (Estado e Igreja) se têm relacionado.

Em relação à visita à Missão do Dondi, onde teve a oportunidade de constatar, também, o estado crítico em que se encontra o hospital da igreja, João Lourenço disse ter saído de lá satisfeito, dado o nível avançado das obras daquele Campus Universitário, cuja data de arranque está prevista para Setembro deste ano.

“Nós demos este apoio à IECA e eu fiz questão de ir ver o resultado do apoio que estamos a dar. Saí de lá satisfeito. Vejo que os recursos estão a ser bem aplicados”, aclarou.

As obras do Campus Universitário da Missão do Dondi, afecto à Igreja Evangélica Congregacional de Angola (IECA), estão a 80 por cento, faltando os 20 por cento e o respectivo apetrechamento, sendo que este último também já foi assegurado pelo Presidente da República. Com 34 salas de aula, nove laboratórios de especialidades diversas e um atelier, o estabelecimento de ensino superior vai ministrar os cursos de Saúde, Tecnologias, Engenharias, Agronomia e Educação.

Sobre o estado crítico em que se encontra o hospital da Missão do Dondi, João Lourenço, acompanhado nesta visita pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, prometeu dar, também, um apoio para alteração daquele quadro, a começar pela oferta de dois meios rolantes, sendo uma ambulância e uma carrinha, já entregues ontem.

O projecto do Campus Universitário da Missão do Dondi está orçado em cerca de seis mil milhões de kwanzas. A iniciativa do Estado angolano em apoiar as igrejas, esclareceu o Presidente da República, foi extensiva, também, à Missão de Caluquembe, que viu o seu hospital reabilitado. “Vamos entregar a obra dentro de menos de uma semana”, assegurou o Chefe de Estado.

Ainda nesta senda, João Lourenço deu a conhecer que se vai dar início, ainda este ano, das obras de reabilitação do Hospital da Chissamba, na província do Bié.

Durante a permanência na Missão do Dondi, o Presidente da República assistiu a uma missa de acção de graças em sua homenagem.

FORMAÇÃO DO HOMEM

No quadro ainda da formação do homem, o Presidente da República apontou a aposta na capacitação técnico-profissional como uma das soluções, tendo, por isso, informado que este processo é para continuar. “Não só na formação técnico-profissional, como, também, na formação de jornalistas e de operários da cultura”, frisou o Presidente, solicitando um uso responsável dos investimentos ligados à formação técnico-profissional feitos pelo Estado naquela província. “Só assim terá valido a pena o esforço financeiro feito”, aclarou.

 
ESTADO CRÍTICO DAS VIAS

Reagindo à situação do estado de algumas vias de comunicação a nível da província do Huambo, assim como do desenvolvimento da agricultura, o Presidente da República considerou a questão das vias de comunicação, terciárias e secundárias, um problema em todo o país, mas disse estarem em curso acções viradas para a melhoria deste quadro, com prioridade para as estradas nacionais.

No quadro dessas acções, lembrou a atribuição, pelo Executivo, no mandato passado, de kits de máquinas que foram distribuídas às províncias, com o objectivo de fazerem, com regularidade, a manutenção dessas mesmas vias. Algumas províncias, prosseguiu, deram um bom aproveitamento aos meios, ao passo que as outras não.

Apesar disso, assegurou que o Executivo vai continuar a trabalhar para a resolução deste problema, não importando a que nível for, se central ou local.

Sobre este problema, o Presidente da República referiu que a solução passa por intervencionar, imediatamente, os buracos, tão logo surjam nas vias. Às vezes, disse, a questão não é bem a falta de recursos ou de equipamentos, mas, sim, de atenção para definir o momento exacto que as pequenas intervenções devem ter lugar. “É melhor ter 100 pequenas intervenções do que ter uma grande intervenção”, apelou.

Quanto ao incentivo à agricultura, o Presidente da República fez saber que o Estado tem apoiado o sector, não obstante os atrasos registados, às vezes, na distribuição dos imputes.

 
ESTADO ACTUAL DO ATERRO SANITÁRIO DO HUAMBO

O estado em que se encontra, actualmente, o aterro sanitário da cidade do Huambo foi alvo de crítica do Presidente da República, tendo sublinhado mesmo que este foi um dos assuntos abordados na reunião com o Governo Local, realizado na sexta-feira, que mais o deixou preocupado.

Este projecto, disse, ficou interrompido 13 anos e, na altura, já tinha um grau de execução física de cerca de 90 por cento, mas, hoje, estes 90 por cento de há 13 anos estão completamente degradados. “Lamentavelmente, vamos ter que, praticamente, começar tudo do zero”, salientou.


ISENÇÃO DE VISTO ACELERA ENTRADA DE TURISTAS NO PAÍS

O Presidente da República deu a conhecer, na ocasião, que a isenção de visto, pelo Governo angolano, a 98 países,  acelerou a vinda de mais turistas ao país nos últimos dias. A título de exemplo, disse que o número tem sido “bastante grande”, ao ponto de obrigar os serviços competentes de Migração e Estrangeiros a criarem capacidade, em curto espaço de tempo, para receberem e tratarem a vinda deles, a partir de agora.

O Chefe de Estado recordou, no entanto, que a questão do turismo, como em toda a economia, é responsabilidade repartida pelo Estado e pelo sector privado, em que a este último recai o desafio da construção e gestão dos hotéis e resortes.

O Presidente da República esclareceu, ainda, que a desvalorização do Kwanza face ao dólar não pode ser visto como um sinal completamente negativo para a economia nacional, muito menos como elemento impeditivo para a visita de turistas ao país, esclarecendo que todas as moedas do mundo têm períodos de oscilação, sem excepção de nenhuma. “Já lá vai o tempo, se quiserem do socialismo, em que alguns dos países tinham uma taxa de câmbio fixa. Eram taxas de câmbio que não eram realistas. Angola foi um dos casos. Teve, durante décadas, uma taxa de câmbio fixa, que não oscilava, mas não era bom para a economia”, realçou o Presidente da República, lembrando que, não obstante essa realidade, o país não registou turismo naquela altura.

De igual modo, sublinhou que o estado das vias também funciona como elemento motivador para os turistas, tendo em conta a preferência de muitos por picadas.

 
ELOGIO À CLASSE JORNALÍSTICA

Convidado a debruçar-se sobre a classe jornalística nacional, o Presidente da República considerou o desempenho positivo, não obstante algumas falhas, que disse serem normais, dada a imperfeição humana. “O nosso jornalismo está a crescer e a cumprir com o papel que lhe cabe”, destacou o Chefe de Estado, recordando que o jornalismo feito no tempo do partido único era bem diferente do que se faz hoje.

Por outro lado, afirmou que existe, hoje, no país, liberdade de imprensa. A título de exemplo, indicou que não é só o Estado que detém empresas de comunicação social no país, mas o sector privado também.

João Lourenço referiu que as transformações de ordem política, económica e social, que o país vem vivendo ao longo dos anos, tem levado esta e outras profissões a adaptarem-se.

Apesar dos vários investimentos já feitos até aqui no sector da Comunicação Social, sobretudo nas empresas públicas, o Presidente da República disse que o Estado vai  continuar a apostar no sector.

“Não estamos na altura de fazer promessas, mas de dizer o que já fizemos e que vamos continuar a fazer”, acentuou o Chefe de Estado.

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