O jornalista Carlos Alberto criticou, esta quinta-feira, 17, a partir do seu Facebook, a postura indiferente da UNITA, maior partido da oposição, quanto a corrupção endémica praticada nas cadeias de Angola.
A critica surge devido o recente comunicado da UNITA, onde, entre vários pontos, denuncia as agressões policiais nas recentes manifestações do dia 12 e 15 de Julho, sem, mais uma vez, levar em conta as vulnerabilidades que se vivem nas prisões, entre os quais a detenção de milhares de cidadãos sem julgamento, o desvio da alimentação, a falta de tratamento dos reclusos doentes, que acabam por morrer, e o enriquecimento das cantinas privadas à custa do sofrimento humano.
Carlos Alberto entende que, a UNITA, por se apresentar como alternativa de governação, não pode escolher o silêncio diante de situações gravíssimas como essas.
“Pior ainda: até hoje, sob a liderança de Adalberto Costa Júnior “ACJ”, a UNITA nunca visitou oficialmente nenhuma cadeia em Angola. Nenhuma.
E, no entanto, diz pretender defender os mais desfavorecidos. Quais?”, escreveu.
Ao recordar que, durante a campanha eleitoral de 2022, como candidato à Presidência da República, ACJ tinha prometido construir “um país onde ninguém ficasse para trás”, mostrou-se céptico quanto a tal promessa, visto que milhares de cidadãos são esquecidos atrás das grades, muitos sem sequer terem sido julgados.
“Por que o silêncio?
Porque o tema é sensível?
Porque envolve interesses instalados dentro do próprio sistema judicial e dentro do Ministério do Interior?
Porque os detidos em prisão preventiva não rendem votos nem projectam imagem internacional?
Ou porque a UNITA também lucra com a corrupção endémica instalada nas cadeias de Angola?”, questionou o jornalista.
Na nota, o director do portal A Denúncia, ressaltou que a luta contra a injustiça não pode ser selectiva; ou é pela dignidade humana em todas as suas formas ou é mais do mesmo.
Entretanto, frisou que a corrupção que mata nas cadeias é tão grave quanto a repressão policial nas ruas, ignorá-la é abdicar da autoridade moral.
“E quem se cala diante da injustiça, quando tem poder para falar, está a pactuar com ela”, disse.