O Grupo Boa Vida, um dos maiores conglomerados imobiliários de Angola, enfrenta sérias acusações de exploração laboral e violações dos direitos dos trabalhadores. Mais de 2000 funcionários denunciam condições de trabalho precárias, salários abaixo do mínimo legal e ausência de benefícios básicos, como férias remuneradas e equipamentos de proteção individual.
Segundo fontes deste jornal, muitos trabalhadores recebem salários de 68.000 kwanzas, abaixo do salário mínimo estipulado para empresas de grande dimensão, que é de 70.000 kwanzas.
Outrossim, há denúncias de que a empresa não realiza contribuições ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e mantém inúmeros funcionários sem contratos formais, mesmo após alterações na Lei Geral do Trabalho em Dezembro de 2023.
Tentativas de sindicalização têm sido reprimidas. Um trabalhador que procurou legalizar um sindicato junto da UNTA foi imediatamente expulso da empresa. Há também alegações de disparidades salariais injustificadas, com novos contratados recebendo mais do que colegas com anos de experiência, e casos em que ajudantes ganham mais do que mestres de obra.
Diante dessas acusações, trabalhadores e organizações de direitos humanos clamam por uma investigação rigorosa e acções concretas para garantir condições de trabalho dignas e o cumprimento das leis laborais em Angola.
Estas denúncias ocorrem em meio a outras controvérsias envolvendo o Grupo Boa Vida. O presidente do conselho de administração, Tomasz Dowbor, foi detido em Dezembro de 2021 por abuso de poder e agressão contra uma residente da Urbanização Boa Vida, tendo utilizado forças de segurança privada para retirá-la à força de sua residência.