João Henrique Rodilson Hungulo, um fervoroso defensor da imagem de José Eduardo dos Santos, encontra-se detido na comarca de Viana desde janeiro de 2022. Sua prisão, segundo documentos obtidos pelo Lil Pasta News, é resultado de alegações de ofensas verbais ao atual presidente, João Manuel Gonçalves Lourenço.
A detenção de Hungulo ocorreu sob ordens do Procurador do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Napoleão de Jesus Monteiro. O militante do MPLA foi acusado de produzir um áudio amplamente difundido nas plataformas digitais, onde faz imputações consideradas injuriosas e difamatórias contra a figura do presidente. Entre as declarações controversas, destacam-se afirmações de que “o Presidente João Lourenço não é angolano” e insinuações sobre sua orientação sexual.
Além das acusações verbais, a procuradoria também alega que Hungulo divulgou imagens que exaltam a indecência, associando o corpo feminino ao rosto do presidente. Essa combinação de ofensas levou à sua prisão, em um contexto de crescente tensão política dentro do partido.
João Hungulo, que se sentiu órfão após a saída de Eduardo dos Santos do poder, expressou sua indignação em um texto após a detenção. Ele descreveu sua captura como um “sequestro severamente desumano” e alegou que o estado angolano forjou acusações contra ele, sem apresentar provas substanciais. “Estamos no país do sr. Ordens superiores, onde a justiça é a moleta da política”, afirmou.
O militante do MPLA destacou que sua prisão é uma clara violação da liberdade de expressão, classificando-a como um ato de repressão política. “Falar a verdade ou criticar o estado é crime”, lamentou, revelando que passou mais de 14 dias sob vigilância rigorosa, tratado como um criminoso perigoso.
A narrativa de Hungulo reflete um clima de descontentamento dentro do MPLA, onde a luta interna pelo poder se intensificou. Ele, que foi um dos maiores defensores de José Eduardo dos Santos, agora se vê como uma vítima de uma “caça às bruxas” promovida por adversários políticos.
Como ele mesmo conclui, “o valor de um preso está a baixo de um cão morto”, uma frase que encapsula a dor e a injustiça que sente em um sistema que, segundo ele, prioriza a silenciar a voz dissidentes.