O Chefe de Estado destacou, ontem, em Nova Iorque, as valências do Corredor do Lobito para o fortalecimento da economia africana, tendo sublinhado que a infra-estrutura ferroviária foi concebida para beneficiar o país, o continente e o mundo.
João Lourenço pronunciou-se sobre o Corredor do Lobito durante a participação num dos painéis da 4.ª edição do Unstoppable Africa, organizado pela Iniciativa Empresarial Global para a África (GABI), moderado pela jornalista angolana Ariana Verás.
Apesar de não ser a única infra-estrutura em África com este fim, João Lourenço disse que o Corredor do Lobito está relacionada com toda uma economia que se vai desenvolver ao longo desse mesmo espaço estratégico, com oportunidades de investimento que o sector privado deve aproveitar para produzir, transformar e industrializar para o consumo dos próprios países africanos e, obviamente, aproveitá-lo para a exportação desses produtos para o resto do mundo.
O Chefe de Estado sublinhou, ainda, que o Corredor do Lobito vai poupar quilómetros de viagem para a navegação internacional, pela ligação entre a Ásia, a Europa e o continente americano, que poderão poupar milhares de quilómetros.
“Nós vemos este corredor como uma oportunidade que todos os investidores devem aproveitar, com a certeza de que todos sairão a ganhar”, assegurou o Estadista angolano, reforçando que, apesar de estar em solo angolano, a infra-estrutura surge para beneficiar a economia angolana, africana e mundial.
Para haver comércio mais fluido em África, o Presidente João Lourenço disse ser necessária a circulação de pessoas e bens, através de auto-estradas, estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos. Sobre este ponto, referiu que uma das grandes dificuldades para o sucesso da Zona de Livre Comércio Continental Africana tem sido a escassez destas infra-estruturas importantes para que a logística possa fluir livremente entre os países.
“A Zona de Livre Comércio Continental Africana é um projecto muito bem concebido, está em marcha, mas tem encontrado uma grande barreira, que é a ligação entre os diferentes países que compõem o nosso continente”, frisou.
Numa altura em que o mundo se encontra a atravessar um momento difícil, com um conjunto de crises, como a energética e alimentar, João Lourenço frisou que o continente africano se posiciona como a solução para as duas crises.
O Estadista angolano recordou que o continente dispõe de um grande potencial para produzir muito mais energia do que produz, com a particularidade de que será, na maioria dos casos, energia limpa, uma vez que tem abundantes rios de grande caudal, que podem permitir a construção de muito mais barragens para a produção de energia. Além desse recurso, João Lourenço destacou também o Sol em abundância, que pode ser aproveitado para a produção de energia fotovoltaica, assim como a existência de minerais raros, que podem contribuir para a produção de baterias e para outros fins.
No que toca à crise alimentar, o Estadista angolano disse que África dispõe, igualmente, de um grande potencial para alimentar o próprio continente e parte do mundo.
Entretanto, para que África esteja em condições de dar esse contributo ao mundo na resolução do problema da crise energética e alimentar, o Presidente em funções da União Africana disse ser importante cumprir, primeiro, com a divisa do continente, que passa pelo silenciar das armas.
“Enquanto não conseguirmos calar as armas, é evidente que não podemos pensar no desenvolvimento económico e social do nosso continente”, ressaltou o Estadista angolano, acrescentando que o barulho das armas afugenta o investimento, sobretudo o privado.
A ocasião serviu para o Presidente da República falar do envolvimento do país nos vários processos de paz em África, com destaque para o Leste da RDC e República Centro-Africana.