Um novo escândalo abala a Sonangol. Documentos e áudios em circulação apontam que Aniceto Abel da Cunha Cambango, militante do MPLA e director da área de segurança e activos da petrolífera estatal, terá burlado o presidente do Conselho de Administração, Sebastião Pai Querido Gaspar Martins, desviando cerca de 150 milhões de kwanzas num alegado esquema de suborno.

Segundo fontes ligadas ao processo, Aniceto Cunha foi incumbido de intermediar o pagamento de 200 milhões de kwanzas ao investigador e ativista Sabalo José Moisés Salazar, mais conhecido como “Sakatindi”, com o objectivo de comprar o seu silêncio após denúncias de corrupção envolvendo a Sonangol. No entanto, apenas 50 milhões chegaram ao destino; o restante valor terá sido apropriado pelo próprio Aniceto.

A operação foi mascarada como um contrato de “consultoria em prevenção de fraude e branqueamento de capitais”, através da empresa RAI&NOR – Investimento e Prestação de Serviços, Lda, que solicitou ao Banco Angolano de Investimentos (BAI) a transferência de 45 milhões de kwanzas para a conta de Salazar.

Documentos bancários confirmam a transação, bem como uma transferência adicional de 3,5 milhões de kwanzas para cobrir despesas de viagem. Um bilhete de embarque da TAP comprova que Salazar viajou de Lisboa para Luanda nas mesmas datas da reunião com os representantes da Sonangol.

O caso tomou proporções inesperadas. Enquanto os registos confirmam que Sakatindi recebeu parte do dinheiro, a revelação de que Aniceto terá retido a maior fatia do montante expõe não apenas um esquema de corrupção, mas também uma fraude interna dentro da própria petrolífera.

Em declarações ao Repórter Angola, Sakatindi reconheceu o pagamento, mas negou qualquer ligação a uma conspiração contra o Presidente da República, sublinhando que prestou “serviços de consultoria, com contrato assinado e trabalhos entregues”.

O silêncio da administração da Sonangol e a ausência de resposta de Sebastião Pai Querido Gaspar Martins às tentativas de contacto da imprensa aumentam as suspeitas em torno do escândalo.

O episódio junta-se a uma série de denúncias de má gestão e uso indevido de fundos públicos que têm marcado a gestão da Sonangol nos últimos anos, levantando sérias questões sobre a integridade e transparência da maior empresa pública do país.  Imparcial Press

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