Hoje, o povo saiu à rua. Sim, houve destruição. Sim, houve saques. Mas antes de apontar o dedo, escutem o grito. Um povo com fome não quer guerra quer pão. Quem tem fome não pensa, apenas sente o vazio no estômago e a revolta no peito. A fome não permite raciocínio. A fome encurta a esperança.
O que está a acontecer não é rebeldia. É cansaço. É o estômago a pedir o que a boca já não consegue pedir com palavras. Não culpemos o povo. Não se bate em quem já está no chão. É hora de ouvir. É hora de sentir. É hora de parar de prometer e começar a fazer.
Não incito ao caos. Incito à escuta. À humanidade. À empatia. Porque ninguém que tem tudo em ordem na vida sai à rua para queimar ou saquear. O que vemos é o grito de um país ferido. Um país com medo de não sobreviver ao fim do mês. Um país cansado de esperar.
Eu estou com o povo. Não apenas com palavras. Mas com o corpo, com a alma, com as minhas vivências. Porque eu também conto moedas. Eu também calculo caminhos. Eu também tenho medo, EU TENHO MEDO!
E por isso, hoje, escrevo. Para que saibam que a dor do povo é real. E que o silêncio já não dá conta de guardá-la.