Suzana Lussaty, 35 anos de idade, mãe de 5 filhos, vivia com marido na Vidrul, embora a relação com o marido não era boa. Foi encontrada sem vida numa das hospedarias no Panguila. Teria sido atraído para lá por um amigo com vista a resolver problemas de uma suposta dívida. Versões da irmã diz que o amigo teria comprado uma casa no Panguila e ontem (quarta-feira) tinha de lá ir para ver a casa. Depois de um trabalho atirado da Polícia, o suspeito foi identificado. Trata-se de um senhor com o nome de Maximiano João, 64 anos de idade, autor do livro “Efeitos Colaterais dos Conflitos em Angola”, foi jornalista por 32 anos.

VAMOS AS ENTREVISTAS DIRECTAS DA PNA E DA IMPRENSA AO SUSPEITO E AOS FAMILIARES E AMIGOS.

POLÍCIA ENTREVISTA O ACUSADO

PNA: Quer falar sobre o crime agora?

MAXIMIANO: Não, mas a verdade chegará.

PNA: Mas não é o autor do crime?

MAXIMIANO: Sou o autor, mas tem motivações.

PNA: Você fica a tirar vida de alguém por causa de uma situação?

MAXIMIANO: Epah, isso já não é comigo. Todo o cidadão tem a presunção de inocência, portanto, só falo na presença do meu advogado, porque há muitos fundamentos.

PNA: Outros fundamentos é depois, porque o bem maior é a vida, ainda que envolvia milhões, mas o bem maior é a vida, deveria ter, pela idade que tem e a inteligência que o senhor tem, deveria ver que toda acção que o senhor estava a praticar não justificava os motivos de assassinar.

MAXIMIANO: Só foi reacção. Não quero me desculpar porque também não consigo lhe trazer mais de volta, mas a verdade é que toda e qualquer acção tem uma reacção.

PNA: Seis filhos que a falecida deixou e o futuro dessas crianças…?

MAXIMIANO: É lamentável, muito lamentável.

PNA: E agora, a imprensa está a te apresentar em directo, os teus familiares estão a te assistir… Como te sente?

MAXIMIANO: Realmente, uma acção de um minuto estragou toda a minha vida, da minha família e meus projectos. Voltei do zero, todos os meus projectos, voltei do zero.

PNA: E se tivesse oportunidade de pedir desculpas, pediria?

MAXIMIANO: Já estou a pedir. Eu me desculpo da sociedade, houve excesso de nervos da minha parte, me descontrolei totalmente. Ontem depois dessa acção, fiquei com a consciência pesada, não jantei, não saí de casa, porque sabia que a qualquer momento a Polícia viria em casa.

PNA: Quando a Polícia apareceu em casa qual foi a tua reacção?

MAXIMIANO: Me entreguei de imediato, estão aqui os agentes podem confirmar, não houve resistência, me entreguei porque estava totalmente derrotado. Sabia que viriam.

PNA: E quando chegou em casa todo desanimado, a família não disse nada? Não suspeitou de nada?

MAXIMIANO: Bem, perguntaram o que é que se passava porque em casa eu não sou assim. Eu só lhes disse epah, daqui mais alguns dias eu vou ficar totalmente fora de vocês.

PNA: Em que hora ocorreu esse crime?

MAXIMIANO: 12h30/12h40 de terça-feira, 2 de setembro.

PNA: O senhor foi jornalista a quanto tempo?

MAXIMIANO: Eu estou no jornalismo há 32. Comecei no Jornal Progresso do Partido. Fiz parte da co-fundação do Jornal M, depois fui para Semanário Independente e trabalhei também no Semanário Manchete. Sou reformado. Agora estou em manchete negativa.

PNA: Quanto tempo conheceu a senhora?

MAXIMIANO: A senhora conheci-lhe jovem, depois ficamos 10 anos sem nos ver por circunstâncias de mudança de residência. Ele devia-me cerca de 7 milhões de kwanzas e fiquei enfurecido durante a sua ausência. No passado mês de Julho, por coincidência, fui visitar uma prima que é amiga da mãe da malograda, na Vidrul e é lá onde a encontrei. E aí retomamos a conversa e ela assumiu que iria ressarcir aquilo que me fazia falta.

PORTA-VOZ DO COMANDO PROVINCIAL

O Porta-voz do Comando Provincial do Bengo avançou que o cidadão teria atraído a senhora de Luanda para o Bengo com o intuito de matricular os seus filhos na escola, mas não passava de uma mentira, a intenção era matar. «O senhor ainda envolveu-se sexualmente com a senhora na hospedaria e na medida em que a senhora ia descansando, num sono profundo, o acusado apenas teve a amabilidade de pegar em fitas já preparadas e apertar no pescoço da senhora. Era um acto premeditado. Depois disso, o acusado pegou os pertences da infeliz, como telefone e pasta para não deixar qualquer rastos que levasse a polícia a descobri-lo», esclareceu.

Segundo a versão dele (o senhor), a senhora teria um negócio em que o mesmo fez um empréstimo de quase 6 milhões para a compra de algum produto (laranja) aqui no Bengo, mas volta e meia já não é o produto, volta e meia emprestou a viatura para ir para o Luvu e posto lá a viatura desapareceu com um dos motoristas que a senhora conhecia… Enfim , é muita informação confusa. Portanto, toda culpa foi posta à senhora e que a senhora devia pagar os danos causados, de acordo com o senhor (assassino).

O senhor vivia no Panguila Zona 3 onde tem uma residência, é casado e tem filhos, quanto a senhora ela vivia na zona da Vidrul em Luanda.

ACUSADO FALA À IMPRENSA

JORNALISTAS: Como é que chegaram ao Panguila?

MAXIMIANO: Chegamos até ao Panguila porque havia um jeito de aproximação. Sabendo que ela devia meu dinheiro, eu tinha que actuar de um jeito com carinho e calma. Quando ela prometeu que viria ao meu encontro, ela falhou e isso foi por duas vezes,  e o coração do homem começa a palpitar pensando que ela estava a me mentir. A segunda vez a promessa foi a mesma. Desta vez, depois ela seduziu-me para atingir os seus objectivos.

JORNALISTAS: Não conversaram? Porque razão matou a senhora?

MAXIMIANO: Conversamos imensamente. Depois de nos envolvermos, ela mudou de linguagem ‘já não pago’, daí começamos a lutar e eu venci, com uma braçadeira foi suficiente para asfixia-la.

JORNALISTAS: Então vinha preparado para cometer esse crime, trouxe a braçadeira e tudo?

MAXIMIANO: Sim, eu digo que sim, porque nas duas tentativas ela não fez (não deu o dinheiro). Depois perdi controlo quando ela me dispara chapada na cara. Haverá mais declarantes.

IRMÃ CONTA O QUE SABE AOS JORNALISTAS

Entrevistando a irmã da vítima se havia dívida com o senhor, ela respondeu: “Minha irmã não tem dívida com esse senhor, a minha irmã é pai e mãe dos seus filhos, ela vende calçados, roupas no São Paulo desde os 17 anos. A mirmã nunca foi no Bengo, a mirmã nunca vendeu laranja, nunca vendeu produtos do campo, a mirmã nunca foi no Luvu conforme ele está a dizer. Tudo que ele está a dizer é mentira. A minha tem marido e é mãe de 5 filhos.

JORNALISTAS: E como é que foi parar na hospedaria no Panguila (Bengo)?

IRMÃ: Epah, nós também estamos em debandada, também queremos saber a fundo como a mirmã foi parar na hospedaria no Bengo.

JORNALISTAS: E o seu cunhado como se sente?

IRMÃ: Epah, o meu cunhado… Eles tinham aquelas brigas de casal, mas o meu cunhado nunca prometeu morte na mirmã.

Importa salientar, ontem, quarta-feira, a mesma irmã teria reconhecido que a malograda havia lhe contado que tinha um amigo e que esse amigo iria lhe alugar uma casa, tendo ela perguntado se isso era o certo a fazer, tendo dito que não aguentava com essa relação (com actual marido) mas e que ia se mudar hoje (quarta-feira). A irmã disse que também não conhecia o amigo. “Esse é meu amigo faz tempo, já ando com ele faz tempo então hoje tomei a decisão”, contou a irmã ontem ao portal Na Mira do Crime, que esteve na residência do óbito.

MELHOR AMIGA DA MALOGRADA REVELA TUDO NA IMPRENSA

Ficou-se a saber a partir da amiga da malograda, que o acusado terá ligado para a malograda dizendo que havia casa no Panguila à venda por 2 milhões.

A vítima terá contado na amiga e levado seu telefone. «Ela levou o meu telefone, como tinha dois chips, tirei lá um e ela foi com o telefone», revelou a amiga. Continuando, a amiga explicou que o senhor garantiu que entregaria as chaves da casa desde que a senhora (a vítima) aparecesse com 130 mil kwanzas, além das cédulas das crianças já que o senhor mostraria a escola do estado onde as crianças seriam matriculadas, uma vez que passariam a viver na nova casa do Panguila. “Ela foi, me disse que até às 14h me contaria como é que tudo aconteceu. Desde a 14h telefone dela não passava… Nunca namoraram, nunca lhe deu coisas, nunca lhe deu carro, é mesmo casa que ela lhe deu dinheiro. Só quero justiça.”

Tem muito para ser esclarecido, portanto, o caso segue os seus trâmites legais.

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