A desinformação, frequentemente designada por “fake news” ou notícias falsas, representa atualmente um desafio crescente e complexo em todo o mundo. Em Angola, esse fenómeno não é exceção, sendo amplificado pela rápida disseminação de informações através das redes sociais e outras plataformas digitais.

No nosso país, a desinformação apresenta-se como um fenómeno multifacetado, com raízes em diversos factores, sendo o factor político o mais notável. Trata-se da desinformação veiculada com a intenção deliberada de enganar e manipular a população, criada e partilhada com o propósito de causar danos à imagem dos governantes. Um exemplo recente foi a divulgação de um vídeo manipulado com a legenda: “Higino Carneiro não aceitou tirar fotografia com o Presidente João Lourenço”.

Apesar de ter sido amplamente disseminado e de a manipulação ser evidente, nenhum Gabinete de Comunicação veio a público desmentir tal facto. É verdade que não há tempo nem recursos para desmentir tudo o que é publicado nas redes sociais. Contudo, quando uma matéria manipulada tem objectivos políticos, económicos ou sociais, visando descredibilizar governantes, gerar pânico ou desviar a atenção de questões importantes, é necessário haver respostas.

Queremos dizer, com isso, que o combate à desinformação em Angola exige que os Gabinetes de Comunicação Institucional transcendam práticas tradicionais e se posicionem como agentes activos na construção de uma comunicação pública eficaz. Para que os Gabinetes de Comunicação participem de forma mais efectiva no combate à desinformação, é necessário que os seus responsáveis adoptem uma postura proactiva, apesar das insuficiências de recursos e da falta de atenção que os nossos governantes lhes dedicam.

É importante que os GCIs abandonem a visão restrita de meros produtores de comunicados; é urgente apostar na diversificação dos canais de comunicação, no monitoramento e na produção regular de clipping. Só assim será possível enfrentar com eficácia o fenómeno das fake news, proteger a reputação, a imagem e o bom nome das instituições e dos responsáveis governamentais.

1. Superar o Papel Tradicional de Produção de Comunicados

Os GCIs não podem limitar-se a serem meros veículos de divulgação de comunicados oficiais, pois essa abordagem é insuficiente diante da velocidade e complexidade com que as fake news se propagam. É preciso que esses gabinetes actuem como centros dinâmicos de comunicação, capazes de dialogar com a sociedade, esclarecer dúvidas, contextualizar informações e construir narrativas positivas que reforcem a confiança pública. A comunicação institucional deve ser estratégica, planeada e contínua, buscando não só informar, mas também educar e envolver os cidadãos.

2. Diversificar as Plataformas de Divulgação

Confiar exclusivamente no Facebook como canal de comunicação é um erro que limita o alcance e a eficácia das mensagens institucionais. Embora as redes sociais sejam fundamentais, os GCIs devem explorar múltiplas plataformas, incluindo websites oficiais, newsletters e até eventos presenciais. Essa diversidade permite alcançar diferentes públicos, inclusive aqueles com acesso limitado à internet ou que preferem meios tradicionais. Além disso, a presença em múltiplos canais facilita a rápida correção de informações falsas e amplia a capacidade de monitorização do ambiente comunicacional.

3. Monitoramento em Tempo Real e Resposta Ágil

Uma das maiores armas contra a desinformação é a capacidade de monitorizar em tempo real o que se diz sobre os responsáveis governamentais e as instituições públicas. É importante que os GCIs invistam em softwares ou programas tecnológicos capazes de identificar rapidamente rumores e notícias falsas que possam comprometer a imagem e a credibilidade das instituições e dos governantes. A resposta a notícias falsas deve ser imediata e fundamentada em dados oficiais, antes que se espalhem amplamente.

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