Na última quinta-feira, um incêndio devastador atingiu o posto de atendimento do Fundo de Fomento Habitacional (FFH) na Centralidade do Kilamba, em Luanda. O incidente, que ocorreu durante o horário de expediente, deixou utentes e funcionários em pânico e expôs uma grave negligência por parte do órgão responsável.

Após seis meses sem pagamentos à empresa responsável pela manutenção, que acumulou uma dívida superior a 150 milhões de kwanzas, a situação culminou em tragédia. O incêndio, originado de um curto-circuito devido à falta de manutenção elétrica, não apenas destruiu parte do posto, mas também simbolizou o descaso do Estado com seus jovens trabalhadores. Mais de 65 técnicos e auxiliares de limpeza foram demitidos sem salários ou indenizações, lançando-os na estatística do desemprego.

Os ex-funcionários, que dedicavam seu trabalho para manter os serviços funcionando, enfrentaram assédio e exigências de comissões ilegais por parte de diretores e técnicos do FFH. A empresa contratada, ao se recusar a ceder à corrupção, viu-se obrigada a suspender os serviços, resultando na precarização das condições de atendimento nas centralidades do país.

Enquanto isso, os postos de atendimento operam em condições degradantes, sem eletricidade, água, ou até mesmo papel higiênico. O silêncio do PCA do FFH, do Ministério das Finanças e do Serviço Nacional de Contratação Pública revela uma indiferença preocupante diante da crise.

Este incêndio serve como um alerta sobre a fragilidade do sistema e a falta de compromisso com a dignidade humana. O futuro de 65 jovens angolanos foi consumido pelas chamas da negligência e da corrupção, deixando uma pergunta no ar: até quando o Estado permitirá que a indiferença leve à tragédia?

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