O representante do Ministério Público (MP) no processo que julga os sete cidadãos acusados de prepararem atentados terroristas durante a visita do ex-Presidente norte-americano a Angola solicitou, ontem, em tribunal, uma pena de até 15 anos de prisão.
O MP acusa os réus dos crimes de associação terrorista, posse de substâncias tóxicas, posse de explosivos e falsificação de documentos. O procurador Avelino Capessa afirmou que há muitos elementos que sustentam a acusação. “Só decidiram abortar o processo pelo forte aparato de segurança da cidade alta, não tinham nenhum ponto de recuo e os materiais que usavam serem obsoletos”, disse.
A defesa, liderada por Oliveira Nasso, do escritório de advogados de David Mendes, solicitou ao tribunal a possibilidade de um acordo com a Justiça em troca de benefícios legais. “Sobre o acordo de delação premiada, estamos a aguardar tranquilos e serenos ao desfecho desse julgamento”, disse o advogado.
O Tribunal de Comarca do Huambo deu início, ontem, ao julgamento do caso. Arrolados ao processo estão os cidadãos João Gabriel Deussino, como líder da “organização terrorista”, Domingos Muecalia, Crescenciano Capamba, Francisco Ngunga Guli, Adelino Camulombo Bacia, Arão Rufino Kalala e Pedro João da Cunha.
O primeiro dia de julgamento, orientado pelo juiz Cipriano Catito Tchivinda, ladeado dos juízes assessores Bruno Eduardo Ferreira e Sebastião Sambuta Nangamale, foi ouvido apenas João Gabriel Deussino, considerado o líder do grupo. A sessão foi marcada por questões prévias aos arguidos, seguida da apresentação da leitura da acusação e posterior interrogatório.
A audiência dos restantes seis envolvidos no processo nº 109/2025, dos presumíveis autores da conhecida “Operação Rastejante”, prossegue hoje, prevendo-se que a sessão dure quatro horas. Para além do crime de organização terrorista, os acusados estão arrolados, ainda, nos crimes de fabrico, aquisição ou posse de substâncias explosivas, tóxicas e asfixiantes, para além da infracção de falsificação de documentos.
Na leitura de acusação proferida pelo Ministério Público, o procurador Avelino Capessa disse que, na época dos factos, o arguido João Gabriel Deussino, mais conhecido por “Joel”, se intitulava na província do Huambo como sendo activista político, desde o ano de 2021, e promotor do projecto político denominado “Frente Unida para Regeneralização da Ordem Africana “FUROA”.
Em declarações aos jornalistas, Avelino Capessa disse que João Deussino e os co-arguidos traçaram um plano com a finalidade de danificar os objectivos estratégicos do Estado, através de sabotagens e destruição dos investimentos feitos pelo Governo.