Membros e alguns dirigentes do MPLA estão “seriamente preocupado” com a alegada exclusão social dos habitantes das províncias de Cabinda, Zaire e Lundas (Norte e Sul), regiões que “alimentam” o Orçamento Geral do Estado (OGE), mas os seus habitantes enfrentam uma crise económica e social sem precedentes.

PEDRO VICENTE

Para alguns membros do MPLA que anteveem uma “copiosa” derrota do partido no poder nas eleições de 2027 nestas províncias, entendem que o Governo preste “urgentemente” atenção a várias questões.

“Cabinda, Zaire, as Lundas Sul e Norte, são regiões ricas em recursos naturais que alavancam a economia do País, não é possível os seus habitantes vivam no limiar da pobreza”, observou o Membro do MPLA e antigo combatente e veterano da pátria, Domingos Lameira Kikuia.

Segundo este membro, os cidadãos queixam-se da falta de emprego, de dificuldades no acesso à educação e da inexistência de unidades de saúde com qualidade, uma situação que permite a oposição fazer a sua campanha para denegrir a imagem do MPLA nestas províncias.

“Vimos esta semana uma delegação da UNITA a percorrer o leste de Angola (Lunda Norte, Sul e Moxico), para constar a vida das populações, a direcção do MPLA não pode cruzar os braços porque os momentos mudaram”, acrescentou.

Na opinião do analista político, Cabral Semedo Lobão, o MPLA não pode continuar a justificar as falhas do seu Governo com a guerra, como um dos principais factores determinantes da pobreza do país.

“É incontestável o impacto negativo que a guerra produziu sobre a vida e liberdade das pessoas, condicionando a sua circulação e despoletando fluxos migratórios em direcção às áreas urbanas ou ao estrangeiro, mas com a paz os dirigentes devem mudar o discurso”, acrescentou.

Segundo este analista, o partido no poder tem de olhar com atenção, os resultados das eleições de 2022 nestas províncias, onde o seu desempenho “foi muito fraco”.

“Em Cabinda que produz o petróleo que sustenta o país, o MPLA conseguiu apenas um deputado, nas Lundas Norte e Sul, onde saem diamantes, em cada uma destas províncias a UNITA conseguiu dois deputados, Zaire também produtor de petróleo a UNITA conseguiu três deputados”, alertou frisando que se as eleições passadas fossem autárquicas o MPLA governava regiões sem riquezas principais.

O economista Paulo Azevedo Buta, lamentou que os fundos atribuídos pelo Governo nestas regiões não satisfazem as necessidades da população local.

Segundo ele, cidadãos questionam o paradeiro das verbas, acusando as autoridades centrais de não usarem os montantes em benefício das províncias.

“A falta de dados públicos leva vários residentes nestas províncias a queixarem-se da pouca transparência na distribuição dos fundos, já que para alguns cidadãos os benefícios do programa não são visíveis”, disse.

“Há tanta gente à volta dos contentores à procura de pelo menos um pão. Muitos cidadãos são corridos nas áreas do garimpo que vão a procura da vida. Essa É real situação dos habitantes destas províncias”, acrescentou.

Na opinião de um activista dos direitos humanos, António Maiala José, o Governo do MPLA não criou políticas sustentáveis e, por outro lado, acomodou-se como “partido-empresa”, prejudicando milhares de habitantes nestas províncias.

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