João Lourenço passou a dar certeza, então, que não pretende nem irá apresentar-se como candidato nas próximas eleições. O interessante nisso é que fê-lo em praça internacional, preferindo deixar uma incógnita em casa.
Outro aspecto mais relevante no meio de tudo isso é que, depois das últimas alterações nos estatutos do MPLA, o Presidente tem a possibilidade de instaurar a bicefalia, o que será outro grave erro, e me explico:
As condições no terreno, na altura em que José Eduardo dos Santos aventava a ideia de uma bicefalia, eram muito boas, o que não se pode dizer o mesmo nos dias de hoje.
João Lourenço não tem nem terreno nem consenso político para que uma bicefalia faça sentido. Estaremos a navegar no mesmo erro de sempre. Ele tem a oportunidade de deixar que o próprio partido decida internamente, por via das eleições, quem será o candidato, e não fazer uma escolha como fez o ex-Presidente do MPLA e da República de Angola, José Eduardo dos Santos.
José Eduardo dos Santos tinha legitimidade e popularidade suficientes para conseguir convencer os seus pares a aceitar o candidato por si proposto. Já João Lourenço não goza da mesma aceitação que JES tinha no seio do MPLA, enquanto veterano visto como congregador e conciliador no partido.