A direcção da Rádio Despertar, gerida por Horácio dos Reis, notificou nesta quarta-feira, 5, um grupo de trabalhadores (um técnico de emissão, uma repórter e uma trabalhadora do refeitório e uma senhora da área administrativa), que poderão ser despedidos no fim deste mês.

Segundo apurou o nosso portal, os visados, alguns estavam de repouso quando receberam telefonemas da secretária Maria Luanda, para que comparecessem às instalações, sem saber que se tratava da assinatura do fim do contrato.

Na lista de 50 funcionários a serem despedidos até ao fim do presente ano, o director da Rádio Despertar teria orientado a notificação dos primeiros, que deverão ser indemnizados no fim do mês de Fevereiro.

Trata-se de Hugo Elias (técnico de emissão), Clementina Bande (administrativa), Amélia Cameti (funcionária do refeitório) e Palmira Vilares (repórter e locutora do programa Tribuna do Deputado).

Fontes próximas à direcção da estação emissora afecta à UNITA, maior partido na oposição, adiantam que a lista de 50 trabalhadores a serem despedidos vai se efectivar, devido ao número excessivo de funcionários, uma vez que, a Rádio Despertar, inicialmente foi concebida para 20 trabalhadores e nesta altura, segundo a fonte tem mais de 60 trabalhadores entre jornalistas, técnicos, seguranças e pessoal administrativo.

Testemunhas no local contam que as senhoras “choraram” ao serem informadas de que deveriam assinar o documento do seu despedimento.

“A tia Amélia, que esteve em casa, foi chamada, quando chegou, lhe disseram que assina porque a rádio não vai mais contigo”, descreveu uma das testemunhas.

Um dos jornalistas, que falou sob anonimato, disse que, nos últimos dias, o director da Rádio Despertar, Horácio dos Reis, aumentou a “arrogância” e “falta de respeito” aos funcionários.

“Hoje (quarta-feira) passou o dia a ofender os colaboradores dizendo que vai expulsar mais de 50 funcionários”, contou.

“Depois de muito tempo de ameaças, infelizmente chegou a minha vez, fui rescindida o contrato e simplesmente estou desempregada”, lamentou Clementina Bande, que esteve a trabalhar quando foi chamada para assinar o documento. “Só fui chamada às 15 horas, para assinar”, reforçou.

O nosso portal  contactou o director da Rádio Despertar, Horácio dos Reis, mas não aceitou falar sobre o assunto, entretanto, uma fonte bem posicionada revela que o processo para o redimensionamento da emissora fundada em Dezembro de 2006, foi entregue aos donos da rádio 2013 e foi aprovada a necessidade de redução dos funcionários.

A fonte acrescenta que no ano passado, houve uma assembleia geral de trabalhadores, orientada por Horácio dos Reis, onde ficou patente o processo de rescisão de contratos com alguns dos funcionários.

Refira-se que a Rádio Despertar, que em Dezembro deste ano, assinala 19 anos de existência, é sucessora da antiga Voz de Resistência do Galo Negro (VORGAN), foi idealizada a luz dos acordos de Lusaka assinados em 1994, entre o Governo angolano e a UNITA.

Foi Jonas Savimbi, então líder do “Galo Negro”, que despacharia, para Itália, o então chefe das operações da região norte, major Felix Miranda, já falecido, para se juntar ao seu representante em Roma, Adalberto Costa Júnior, actual presidente da UNITA, para aquisição dos equipamentos para instalação da futura rádio. O seu primeiro director foi Alexandre Neto Solombe.

Antes das eleições de 2008, o regime incomodava-se com a Despertar. O então porta-voz do MPLA, Norberto Santos “Kwata Kanawa” apresentava um discurso de ameaças de encerramento desta emissora alegando que funcionava “ilegalmente”.

Na altura o verdadeiro problema, era um programa de nome “Parlamento Público”, em que os ouvintes ligam a fazer duras críticas a má governação, o que não agrada ao regime.

A tese de ilegalidade levantada, na altura por “Kwata Kawana”, era de que a emissora Despertar operava sob alçada de um partido (entenda-se UNITA). O então porta-voz dos “camaradas” fazia aproveitamento da legislação que impede partidos políticos de serem detentores de rádios privadas.

Fora por força desta legislação que levou a UNITA entregar a gestão da emissora a um grupo de accionistas próximos a si (Marcial Dachala, Victorino Hossi, e Abel Chivukuvuku).

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