Com quase dois anos restantes até ao término do seu mandato como Presidente do MPLA e três anos enquanto Presidente da República, João Lourenço tem dado sinais preocupantes de que pretende violar a lei, alterando os estatutos do MPLA e, posteriormente, a Constituição da República.

Na reunião que teve lugar na sede do partido na sexta-feira, 25 de outubro, os membros do Conselho de Honra, veteranos do MPLA, expressaram claramente a sua indignação face à postura do Presidente, considerada preocupante e abusiva.

De acordo com uma fonte que acompanhou a reunião, quando questionado sobre os rumores relativos à sua intenção de modificar os estatutos, o Presidente tentou argumentar que não havia intenção de alteração, mas apenas de “ajustamentos.” No entanto, os veteranos do MPLA deixaram claro que não há justificativa para qualquer tipo de acção, seja modificação ou ajustamento.

João Lourenço, visivelmente embaraçado, apresentou uma série de argumentações que foram prontamente refutadas pelos membros do Conselho de Honra. Maria Eugénia Neto, conhecida por raramente expor as suas opiniões, foi enfática na sua posição: “Camarada Presidente, não há razões para mexer nos estatutos. Você concluirá o seu mandato, mas não terá mais; em 2026 realizaremos um congresso com múltiplas candidaturas, e o Partido será dirigido pelo vencedor. Aproveito a oportunidade, na qualidade de anciã, para aconselhá-lo a deixar de lado a perseguição aos outros. Somos todos uma família e devemos amarmo-nos”, concluiu a matriarca.

Outro momento marcante durante o encontro foi a intervenção de Joana Tomás, Secretária Geral da OMA, que, na qualidade de convidada, pediu a palavra em defesa do Presidente. Um dos membros do Conselho de Honra pediu, no entanto, a palavra para interpelar a secretária da OMA, destacando que ela não tinha direito a opinar naquele espaço, dado que não era membro do Conselho: “Camarada Joana Tomás, a senhora é muito nova e este não é o espaço para bajulação. Ninguém está contra o Presidente, mas é preciso não esquecer que o que está em jogo é a necessidade de preparar convenientemente o MPLA para os actuais e futuros desafios. Vamos deixar as emoções de lado, por favor”, afirmou, deixando Joana Tomás em uma situação desconfortável.

No final da reunião, os veteranos aconselharam o Presidente a não insistir na “insensatez” de alterar os estatutos ou em buscar um terceiro mandato, nem em forçar a escolha de um candidato para a sua sucessão. Sublinhando que existem aqueles que acreditam que, dada a nova realidade, a realização de um congresso extraordinário se torna desnecessária, a menos que tenha como propósito eleger um novo presidente que possa reorganizar o partido em preparação para as eleições de 2027.

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