O encontro do Presidente do MPLA, João Lourenço, com os primeiros-secretários dos Comités de Acção do MPLA (CAPs), parece estar a confirmar a alegada cabala interna para o “derrubar” e criar dificuldades na organização dos camaradas.

JORNAL FAX: PASCOAL ZUA

Para alguns analistas políticos, há muito que os Comités de Acção do MPLA nunca eram “tidos e nem achados”, e só são lembrados quando há actividades de massas do MPLA, onde os seus responsáveis são compensados com alguns bens, tendo em vista a mobilização dos militantes.

“O Presidente do MPLA começou a perceber que internamente as coisas não andam tão bem a nível da cúpula, razão pela qual, recuou nas estruturas de base, para reconquistar a sua hegemonia junto destas estruturas”, disse o analista político, Arnaldo Tukeia Santos.

Para este analista, a falta de democracia interna no MPLA representa, hoje, uma ameaça objectiva à consolidação da democracia em Angola.

“ MPLA começou a experimentar um processo de democracia interna muito marcado por convulsões e bloqueios”, acrescentou.

Ao crescem as tendências internas, de acordo com analista, é preciso o MPLA adequar o processo de democracia interna a estas novas sensibilidades.

Um outro analista político, Bernardo Semendo Jamba, diz que a crise interna no MPLA começou a crescer com o dilema dos chamados “marimbondos” – um grupo que supostamente está mais alinhado à visão política do ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos.

“Aos “marimbondos” são apontadas acções contrárias à estratégia governativa do actual Executivo , sobretudo no domínio económico e no combate à corrupção. Aqui começou nascer os problemas que estão dar dores de cabeça no seio do MPLA”, acrescentou salientando que o anúncio do congresso extraordinário e ordinário de 2026, começou já agravar a crise interna no seio do MPLA.

“Nesse processo de renovação política, o partido poderá se fragilizar ainda mais, pois tudo indica que haverá um forte embate entre grupos de posições ideológicas diversas. E no resultado do pleito de 2026, se avaliará qual o nível de descontentamento da base em relação à cúpula do partido”, acrescentou.

Para este analista, num dos seus pronunciamentos, o Presidente do MPLA, acusou o principal partido da oposição de “fazer leituras erradas” e de tentar “estimular a divisão interna através da criação de facções reais ou mesmo virtuais” dentro do partido dos camaradas.

“Vimos segunda-feira, 20, a líder do MPLA apelar à manutenção da unidade e coesão interna do partido, para combater tentativas de divisão, reafirmando a aposta nos jovens para ascenderem a vários cargos, inclusive Presidente da República. Isso mostra que qualquer coisa não está dar bem”, referiu.

Refira-se que mais de 2.500 primeiros-secretários dos Comités de Acção do MPLA (CAP) estão reunido em Luanda, como objectivo de avaliar o estado organizativo e funcional do processo de redinamização das estruturas do MPLA, com ênfase na realização das assembleias de balanço e renovação de mandatos realizados em todo o País.

Entre os objectivos do evento, segundo o comunicado, destaca-se o contínuo fortalecimento das estruturas do partido, visando torná-las mais modernas, dinâmicas e actuantes.

A intenção, de acordo com o documento, “é melhorar a inserção do MPLA na sociedade e liderar as principais transformações políticas, económicas e sociais no País”.

O encontro também acentuará a necessidade de os militantes e suas estruturas de base prestarem maior atenção ao debate e à abordagem dos problemas comunitários, buscando soluções pragmáticas para cada comunidade.

Refira-se que, MPLA é um partido político de centro-esquerda, fundado a 10 de Fevereiro de 1956. Foi fundamental na luta pela independência de Angola de Portugal, que se concretizou a 11 de Novembro de 1975.

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