Desde 2020 que Singapura já não consta na lista de países onde os angolanos têm dinheiro investido, coincidindo com uma apreensão de mil milhões USD feita pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos. Assim, a lista de paraísos fiscais onde os angolanos investem é encabeçada pelas Maurícias e Ilha de Man, onde está 17% do dinheiro investido lá fora.

Por cada 100 dólares de dinheiro de residentes em Angola, nacionais e estrangeiros, já investidos no estrangeiro, 17 USD estão concentrados nos paraísos fiscais das ilhas Maurícias e na dependência da coroa do Reino Unido, a Ilha de Man, offshores onde no final do ano passado estavam quase 915 milhões USD investidos. No entanto, é em Portugal, onde também existe uma offshore, a ilha da Madeira, que está investida a maior parte do dinheiro dos angolanos.

De acordo com o relatório do BNA sobre a Balança de Pagamentos e Posição do Investimento Internacional de Angola relativos a 2023, o stock de investimento de angolanos lá fora cresceu apenas 0,73% face a 2022, passando de 5.253,7 USD para 5.292,3 milhões. Contas feitas, o stock de investimentos dos residentes fiscais em Angola fora do País cresceu apenas 38,6 milhões USD.

O Banco Nacional de Angola (BNA) reviu no relatório de 2022 a posição do investimento internacional no que diz respeito ao investimento directo de angolanos lá fora. Isto porque o relatório que dizia respeito a 2021 referia que o stock de investimentos de angolanos fora do país era de 2.152,6 milhões USD em 2021, de 3.206,4 milhões USD em 2020 e de 3.601,5 milhões USD em 2019. Com a revisão destes números no relatório de 2022, sem fazer menção a essa alteração, o banco central aumentou em 3.065,3 milhões USD o investimento de 2021 (para 5.217,9 milhões), em mais 1.633,7 milhões o de 2020 (para 4.840,1 milhões USD) e em mais 1.237,8 milhões USD o de 2019 (para 4.839,3 milhões).

Com estas alterações em 2022, o BNA passou apenas a divulgar em percentagem o valor que cada País tem de stock de investimento de angolanos fora do País. E, com estas alterações todas, as Maurícias deixaram de ser o principal “porto” dos investimentos dos angolanos lá fora, apesar de manterem ainda hoje mais ou menos o mesmo valor de anos anteriores, perto de 620 milhões USD. Isto porque, com a actualização, o stock de investimento de angolanos em Portugal passou de 476,7 milhões USD em 2021 para 2.235,1 milhões USD, equivalentes a 42,5% do total do stock dos investimentos de residentes cá fora do país, que era de um total de 5.253,7 milhões USD.

A procura por paraísos fiscais não é algo exclusivo dos angolanos. É uma prática que acaba por acontecer um pouco por todo o mundo e, apesar de não ser uma proibida, é muitas vezes utilizada para esconder dinheiro. Até 2020, Singapura era apontada pelo BNA como o principal destino dos investimentos de angolanos lá fora, onde estavam 1.071 milhões USD. No entanto, esse valor passou a zero em 2021, reflexo da mão pesada da recuperação de activos por parte do Estado, já que, apesar de os relatórios do BNA não o referirem, o “desinvestimento” de mais de mil milhões USD de um ano para o outro “bate” com os mil milhões USD que terão sido arrestados pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos naquele país naquele ano. Expansão

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