As autoridades da República Democrática do Congo (RDC) sustentam fortes convicções de que a fracassada tentativa de golpe de Estado protagonizada por Christian Malanga Musumari no último domingo, 12, foi preparada em território angolano, local onde o líder golpista esteve presente para mobilizar apoio.

Líder golpista teve encontro  com militares angolanos 

A informação das autoridades congolesas é corroborada pelo conteúdo de um relatório reservado de 5 de outubro de 2023, elaborado pelo posto da Direcção Geral de Migração da região do Baixo-Fleuve. O documento, enviado ao Ministério do Interior e da Segurança, reporta movimentações suspeitas de Christian Malanga Musumari entre Angola e a RDC por via terrestre.

O relatório, que não foi devidamente considerado à época, indica que Malanga   (nas duas fotos em anexo) teria realizado reuniões secretas em Angola e montado uma “sede de operações em Luanda” com o objectivo de subverter a ordem antes das eleições de dezembro de 2023.

O documento atribuído às autoridades congolesas indica que Malanga teria recrutado cidadãos da RDC em Angola, que se infiltraram na antiga província de Bandundu, entre os dois países. O recrutamento teria sido com a ajuda de um coronel angolano identificado como Mananga, natural da aldeia de Tsese, Lukula, em Cabinda, ligado ao veterano Elie Kapend Kanyimbu, ex-líder da Frente para a Libertação do Congo (FNLC). Outro angolano, Afonso Lourenço, quadro do Ministério do Interior de Angola, natural de Chingundu, Mbanza-Congo, também é citado como tendo estreitas ligações com a rede angolana de Malanga.

Partindo de Angola, onde teve contacto com elementos das Forças Armadas Angolanas, Christian Malanga Musumari, numa de suas últimas viagens, dirigiu-se à província de Cabinda e, de lá, ingressou no país com outros grupos. Porém, foi a partir da província do Zaire que ele seguiu para Matadi, onde o seu grupo alugou um autocarro para a capital Kinshasa, sob o pretexto de serem trabalhadores de uma empresa.

Em público, a RDC, que investiga o episódio, ainda não apresentou nenhuma denúncia formal contra Angola, apesar de o ministro do Interior, Segurança, Descentralização e Assuntos Costumares, Daniel Kizadi Kasngo, ter sugerido à imprensa que Christian Malanga Musumari preparou sua incursão a partir de uma extensão fronteiriça com a região da antiga província do Bandundu, que subentende-se Angola.

Fontes do Club-K, disseram que nos próximos dias, está previsto um interrogatório a altos funcionários da segurança da RDC para apurar o grau de negligência diante das incursões de Christian Malanga Musumari, que culminaram na tentativa de golpe.

As investigações preliminares das autoridades congolesas indicam que Malanga havia planeado realizar o golpe na segunda-feira, 13. No entanto, por motivos ainda a serem apurados, mas que se presumem precipitação, ele alterou o plano e executou a acção no domingo, 14.

PERFIL DE CHRISTIAN MALANGA MUSUMARI:

Christian Malanga, o homem no centro da tentativa de golpe na República Democrática do Congo (RDC), tinha várias motivações para sua acção. Ele é conhecido nos círculos da diáspora congolesa nos Estados Unidos pelos seus discursos anti-governo. Malanga se apresentava como líder do movimento “Novo Zaire” e do Partido Congolês Unido (UCP). Autoproclamando-se comandante, ele possui um passado militar.

Nascido aos 2 de janeiro de 1983 em Kinshasa, Malanga cresceu na capital congolesa. Mudou-se para a África do Sul e depois para a Suazilândia antes de se estabelecer nos EUA. Em 1998, Malanga obteve asilo político em Salt Lake City, Utah. O malogrado foi proprietário de várias pequenas empresas e cofundador da Africa Helpline Society, uma organização sem fins lucrativos na RDC. Em 2006, retornou à RDC para cumprir o serviço militar e alcançou o posto de capitão do exército congolês.

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