A Procuradora Provincial de Luanda, Cecília Wilma Silva, procurador Coelho e advogado Claudino Pereira estão a ser acusados de incumbirem o empresário chinês Zhang Haiping, acusado no crime de burla, abuso de confiança e corrupção em que é vítima o cidadão Hermenegildo Paulo Bundi, proprietário de vários empreendimentos na avenida Fidel de Castro (Via expressa), denunciou a vítima.

JORNAL FAX

Tudo começara quando o chinês Zhang Haiping vendera uma estação de serviço a Paulo Bundi, ao valor de 23 milhões de kwanzas, desta negociação teve um acordo no qual constara que a estação lavaria os carros da empresa Haiping Internacional Lda, em troca o proprietário, Zhang Haiping, forneceria a água e luz ao estabelecimento vendido.

Passado algum tempo, Paulo conta que depois de alguns investimentos, passou a ter muitos clientes, diferente do tempo em que Haiping era dono da estação de serviço o que levara Zhang Haiping a desfazer o acordo de fornecimento da energia e água e orientou que Paulo pagasse mensalmente tais serviços vindo do seu PT privado.

“Eu disse que não há problemas, pedi para instalar o contador para eu passar a pagar o que eu gastar só que ele não aceitou alegando que ele paga um milhão de kwanzas pelo PT e que devo pagar 50% do valor que ele paga pelo e eu lhe disse que a estação de serviço não me dá este dinheiro todo para eu te pagar e ele de repente, desliga a energia e a água,” contou Paulo Bundi ao Jornal Hora H.

 Segundo Paulo, como forma de resolver a situação que prejudicava a sua empresa, dirigiu-se ao Serviço de Investigação Criminal (SIC) Luanda e abriu uma queixa contra o estrangeiro um caso que seguiu os seus trâmites legais sobre o processo nº 628/018-04, onde se chegou a conclusão de que Haiping cometera um erro e que tinha que ser responsabilizado.

“Ali deram-me o despacho para que o Chinês repusesse a legalidade, acompanhado com oficiais do SIC, ligou-se a luz e água e dei sequência ao trabalho”.

UM NOVO PROCESSO “FALSO” TORNA ZHANG HAIPING FIÉL DEPOSITÁRIO DA ESTAÇÃO DE SERVIÇO QUE ELE MESMO VENDEU

O litígio que começou com a questão de corte de energia e água, tomou novos rumos, colocando em causa a titularidade do espaço, situação que segundo Paulo Bundi, é “uma estratégia do advogado Claudino Pereira em conivência com a procuradora Cecília Wilma para inverter o caso a favor do chinês Zhang Haiping”.

Conforme a fonte deste Jornal, Paulo Bundi que durante a pandemia da covid-19 encontrava-se em Portugal, junto da família, recebera uma ordem de apreensão das lojas para entregá-las a Zhang Haiping como fiél depositário sem conhecer as razões de tal despacho.

De regresso a Luanda em 2021 para saber as razões dos seus empreendimentos serem entregues a outra pessoa, disse foi com o seu advogado, ao SIC Junto do procurador José Cambuta, onde foi informado que o procurador desconhece o processo 628/018-04 já encerrado e que existe um novo processo nº 13364/021-04 aberto contra si, pelo filho do Chinês e o advogado Claudino Pereira, que alegaram que Paulo Bundi comprara ao Chinês o estabelecimento, que depois transformou em lojas, no valor de 25 milhões de Kwanzas, mas que pagou apenas 23 milhões, tendo-lhe sido devolvido os valores, razão pelo qual, José Cabuta entendeu que  Zhang Haiping voltasse a ser o fiel depositário do estabelecimento.

“ Eles alegam que passaram o chinês como fiel depositário porque me notificaram por 4 vezes e eu fugi para Portugal para não responder ao processo, mas tudo isso é uma mentira, eu saí de Angola em 2019, onde me encontraram para me fazerem chegar a notificação? O procurador Cambuta chamou o instrutor e ele confirmou que entregava as notificações ao senhor Paulo e quando olhou para mim disse que não era eu” referiu Hermenegildo Paulo ao Hora H.

 Dada as alegações de Claudino Pereira, Paulo conta que o procurador pedira os comprovativos da devolução dos referidos valores, porém o Advogado não conseguiu provar até ao momento, o que levou o procurador a chegar a conclusão que tinha sido induzido ao erro pelo advogado Claudino Pereira, que segundo informações goza de imunidades dentro do SIC.

 Assim sendo, o procurador anulou os despachos que orientara a entrega das lojas ao empresário chinês e orientou mediante termo de entrega a devolução das lojas ao proprietário.

PROCURADORA CECÍLIA WILMA ACUSADA DE CORRUPÇÃO E SONEGAÇÃO DO PROCESSO N.13364/21-04 QUE ENVOLVE ZHANG HAIPING

Insatisfeito com a decisão do procurador José Cambuta ao entregar as lojas ao proprietário, o advogado Claudino Pereira solicitou a Cecília Wilma Silva, actual Procuradora provincial de Luanda, com quem tem uma ligação, a anulação do despacho do procurador Cambuta e manter Zhang Haiping como fiel depositário, em troca Cecília Wilma terá supostamente recebido do empresário chinês 7 milhões de kwanzas, ao ser cumprida a acção.

“Por várias vezes dirigi-me ao SIC junto da procuradora para saber o que se passava, mas fui dado muitas voltas, o que é estranho é que depois recebo a denúncia de um rapaz que trabalha com o chinês que me disse que no dia anterior receberam dez milhões de kwanzas, sete para a procuradora e três milhões para o Claudino, só que até agora o Claudino não conseguiu convencer a procuradora a passar o termo de entrega que coloca o Zhang haiping como fiel depositário das lojas ”, disse Bundi

Ao decorrer do processo, Hermenegildo Paulo Bundi, por intermédio da sua advogada, solicitou ao procurador João Luís Coelho que havia passado um novo termo de entrega dos seus estabelecimentos comerciais, para apoiá-lo na recepção dos mesmos, mas para o seu espanto, o procurador que havia admitido que a procuradora Cecília errou e que as lojas pertencem a Paulo Bundi, solicitou a advogada que comprovasse a titularidade do espaço com o direito de superfície, compra e venda reconhecida no notário e outros vários documentos. 

“Eu tenho despacho do gabinete do Dr. Coelho que me dá autoridade das lojas, mas ninguém está a fazer cumprir o despacho e hoje o Dr. Coelho me pede a titularidade do meu espaço. Recebo ameaças do SIC a dizer, que eu não tenho noção do que me vai acontecer e ninguém faz nada”, 

“ Liguei no instrutor do processo para informar da situação e ele me disse que eu não vou conseguir enfrentar o Claudino porque ele tem raízes, a mulher do Claudino é procuradora e que eu vou continuar a sofrer, e me aconselhou a informar isso aos órgãos sociais para se resolver este problema”, disse desesperado.

“EXISTE UM CRIME ORGANIZADO DENTRO DA JUSTIÇA ANGOLANA”- DIZ EMPRESÁRIO

Em entrevista ao Jornal Hora H, o empresário Hermenegildo Paulo Bundi, afirmou haver um crime organizado na Justiça angolana, e que nele faz parte a procuradora provincial de Luanda, Cecília Wilma Silva e demais procuradores, efectivos do SIC e alguns advogados como é o caso de Claudino Pereira que goza de protecção dentro do SIC.

“O advogado Claudino Pereira só faz o que faz porque conta com a protecção do SIC e da PGR… Sinto-me injustiçado e tinha que me queixar em algum sítio, na Ordem pública me dizem que o assunto agora é com SIC, no SIC me dizem que já não podem fazer mais nada porque já fizeram a parte deles agora é com a PGR, na PGR dão-me voltas até agora, mesmo com o despacho não tem quem acompanha para abrir as minhas lojas e nas lojas meteram seguranças fortemente armados e eles dizem que só podem deixar abrir com a permissão da procuradoria Cecília e é esta que não me atende”, lamentou Paulo Bundi

“A Informação chegou a PGR e ao SIC e eu que fui fazer a denúncia é que fui constituído arguido por difamação. Recebo ameaças de morte por queixar nos órgãos de Comunicação Social, já não consigo falar com meus amigos do SIC porque o meu telemóvel está sobre escuta” disse Bundi ao Jornal Hora H e acrescentou.

“O Claudino corrompe toda a gente envolvida no processo a mando do chinês Zhang Haiping e todos os crimes que eles cometem não são detidos não são interrogados, ainda recentemente um dos procuradores me ligou e disse o Claudino está a lhe oferecer 200 milhões para desistir do processo e que caso eu insistir ele vai ligar a Dra. Cecília para mandar-me prender. A justiça não funciona em Angola, porque todas as pessoas que mencionei têm nome e rostos, são provas vivas, mas nem com isso, ninguém faz nada, outros até estão a me aconselhar a fugir do país porque o Chinês é um homem poderoso, mas eu não saio, vou morrer aqui no meu país” disse.

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