O chefe de Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA) leva muito a sério a prática de “Justiça privada”. Não deixa os seus créditos por mãos alheias quando se trata de usar e abusar, impunemente, do poder de que dispõe por inerência do cargo que ocupa. Numa só palavra: o General Altino José dos Santos não brinca em serviço quando os seus interesses pessoais estão em causa.

Um dos seus mais recentes e destacados serviços foi o de ter, supostamente, ordenado a detenção, ilegal, do Capitão das FAA Joaquim Cardoso por a consorte deste último ter, alegadamente, “surripiado”, da casa do primeiro, a “módica”quantia de cem mil dólares norte-americanos.

A denúncia está estampada no site Club-K. Já lá vão cerca de quinze dias desde que a notícia está no ar. Até ao momento o visado não se deu ao trabalho de vir a público pronunciar-se sobre a mesma. A Procuradoria Militar sequer reagiu. Está caladinha! É assim mesmo. Os cães ladram, mas a caravana, esta, segue inexorável o seu caminho, fazendo girar a sua roda na estrada destes tempos angolanos em que a Justiça deixou de ser cega, a Lei tornou-se inigualitária e a impunidade uma certeza.

O Capitão Joaquim Cardoso está detido desde Agosto último. Não se sabe se os prazos de Prisão Preventiva em Instrução Preparatória já se esgotaram ou não. Em resumo, não se sabe nada. Está tudo envolto em silêncio, mistério, abuso puro e duro de poder. Daí as perguntas: por que razão o General José Altino dos Santos tinha cem mil dólares em casa? Qual é a proveniência dos referidos valores? Será por falta de confiança no Sistema bancário nacional? O General Altino José dos Santos deveria vir a público dar explicações ao País.

O Comandante-Em-Chefe deveria, por sua vez, demandar uma investigação sobre o assunto, que, pelos contornos da denúncia, configura um caso de flagrante abuso de poder, falta de transparência e corrupção. O País tem o direito de saber se o Chefe do Estado Maior das FAA concilia o cargo que ocupa com negócios (escuros) que lhe rendem valores como os que lhe terão sido fanados de casa.

Das duas, uma: 1) ou o Chefe do Estado Maior das FAA tira isso a limpo, explicando tim-tim-por-tim-tim ao País o que esta “estória” tem de (in) verdade; 2) ou o Comandante-Em-Chefe retira-lhe a confiança política.

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