GOVERNO DE LUANDA CRIA CENTROS PARA ACOLHER VÍTIMAS DAS CHUVAS

A província de Luanda tem 120 centros de acolhimento para as populações afectadas pelas chuvas, anunciou, segunda-feira, o comandante provincial adjunto do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros.

Bravo Mendes adiantou, a título de exemplo, que 40 famílias atingidas pelas chuvas no município de Belas estão num centro de acolhimento erguido na localidade. “Temos os centros já existentes, que desempenham a função de acolher as pessoas desalojadas, por qualquer situação”, disse.

O comandante provincial adjunto dos Bombeiros avançou que há planos para se erguer mais locais onde construir centros de acolhimento, além de anunciar a preocupação pelos habitantes de algumas localidades como Vila Flor, Zango e Estalagem, vítimas das chuvas de domingo e ontem.

Bravo Mendes falava no final de um acto que marcou a entrega, pelo governador de Luanda, Manuel Homem, de diplomas de mérito e reconhecimento a algumas instituições pela dedicação ao serviço público, com realce às acções de limpeza, saneamento e manutenção do sistema de drenagem da capital do país.

O responsável do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros revelou, à Angop, que oito pessoas morreram em consequência das chuvas de domingo e ontem, em Luanda.

 
MITIGAR OS EFEITOS DA CHUVA

O Governo da Província de Luanda (GPL) está a criar condições para mitigar os efeitos da chuva, revelou, no encontro, Manuel Homem. O governador admitiu que o sistema de macro e microdrenagem continua a ser dos principais desafios para o GPL, cujas responsabilidades inclui a manutenção e a gestão do saneamento de Luanda. “É um desafio com o qual Luanda vem enfrentando nos últimos anos, em especial com a degradação das infra-estruturas de saneamento pelo tempo útil de uso destas”, declarou.

Manuel Homem reconheceu e agradeceu o compromisso das empresas distinguidas, pelo trabalho efectuado no quadro da limpeza, saneamento e manutenção dos sistemas de drenagem, das valas de retenção de água, sarjetas, colectores e esgotos da cidade capital. “Muito obrigado pelo empenho, queremos reafirmar o compromisso de continuarmos juntos nesta caminhada por uma província cada vez melhor”. 

 
OS AGRACIADOS

A distinção foi feita às empresas de construção civil Omatapalo, Mota Engil, Griner, Odebrecht e Sinohydro. Os diplomas foram entregues aos responsáveis das empresas pelo governador de Luanda, Manuel Homem, na sede do GPL, após a reunião da Comissão Provincial de Protecção Civil, que avaliou o impacto das chuvas este ano, as eventuais consequências da previsão meteorológica, o plano de intervenção da macrodrenagem e o plano de acção para mitigação e resposta aos efeitos das chuvas.

O encontro, realizado na sede do GPL, aprovou com unanimidade a proposta do plano de acção para a época chuvosa, num encontro que reuniu os membros da Comissão Provincial de Protecção Civil de Luanda.

BUSCAS PELO CORPO

As buscas pelo corpo do cidadão Moisés Luís, de 39 anos, desaparecido a 23 de Novembro deste ano, continuam e estenderam-se até à zona do Catinton, revelou, ontem, em Luanda, o comandante provincial adjunto do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros.

O subcomissário Bravo Mendes disse que os efectivos do comando provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros prosseguem as buscas para localizar o munícipe, depois de já o terem efectuado em duas ocasiões, incluindo com familiares do desaparecido.

“Com o cepticismo da família e criadas as condições, efectuamos uma segunda incursão, mas não encontramos o corpo. Até agora continuam as buscas na zona do Catinton e sem grandes esperanças por enquanto”, explicou.

Com base no relato de algumas testemunhas, junto à Tourada, Moisés Luís, fazia trabalho de cobrador de táxi, desequilibrou-se e caiu na vala de drenagem defronte ao Velório da Polícia Nacional, onde foi arrastado pela água da chuva.

MORADORES DE ALGUNS BAIRROS PERDEM O SONO

As chuvas que caíram no domingo e ontem de madrugada tiraram o sono a milhares de cidadãos. Gaúcho foi um deles. Morador do bairro Mussende, em Viana, disse que, apesar de viver próximo à estrada principal, teve de dormir ao relento, pelo facto de a água da chuva ter inundado a casa.

“Nem consegui dormir. A casa está bem localizada, mas choveu tanto que entrou bastante água. Para não colocar em risco a família, devido ao risco de electrocussão, decidimos sair e passar a noite na rua. Montamos uma tenda improvisada próximo ao portão onde ficamos”, contou.

Gerente de uma recauchutagem, localizada a 30 metros de casa, disse que ontem, nem conseguiu ir trabalhar. “Ainda estamos a pensar em como vamos recuperar o que temos dentro de casa”, disse, à espera que o chuvisco miúdo cessasse para retirar a água de casa.

Ao lado da esposa e dos filhos, Gaúcho explicou que muitos outros vizinhos tiveram experiências semelhantes, alguns até piores. “Mesmo com os entulhos colocados, não conseguimos impedir o avanço da água”, lamentou.

Noutros pontos de Viana, a situação foi semelhante. No bairro Kajinji, os moradores ficaram sem poder ter contacto com outras localidades próximas devido ao transbordo da água de uma vala na circunscrição.

Ailton Francisco, de 21 anos, disse que queria ir para a escola, quando saiu de casa e notou que a maioria das pessoas estava a retomar. “Estudo de tarde, mas decidi ir mais cedo à escola por causa da chuva. Só não sabia que a água da vala tinha barrado a passagem”, adiantou.

Orlando Sulissa, morador da Sanzala, em Viana, disse que teve inúmeras dificuldades para se deslocar. “Não tem táxis. Estou na paragem desde às 8h30 e já são quase 9h20 e até agora nada”, lastimou, acrescentando que teve imensas dificuldades para chegar até à estrada principal, devido aos charcos de água.

TRÂNSITO FAVORÁVEL

Ontem, a circulação rodoviária não registou os habituais congestionamentos diários. Em parte por muitos funcionários terem ficado sem condições de ir até aos locais de trabalho. Nas vias principais, como a Avenida Deolinda Rodrigues, a fluidez era registada da Vila de Viana até ao 1º de Maio, apesar de existirem alguns pontos com água parada.

ADVERTÊNCIA PARA BENGUELA

O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INAMET) lançou, ontem, o alerta amarelo, de advertência, para a possibilidade de chuva forte com trovoadas na província de Benguela, informou, ontem, o director da instituição.

João Afonso adiantou que de acordo com as previsões é preciso alertar a população e as autoridades de Benguela para as próximas horas. A população, continuou, deve estar atenta, em especial pelo risco de ocorrência de descargas eléctricas. “É preciso que quando estiver a chover as pessoas fiquem longe dos postes de energia eléctrica, debaixo de árvores ou usem telemóveis”, sublinhou, além de aconselhar as pessoas a desligarem os aparelhos eléctricos e quadros de energia nestas condições.

O INAMET, referiu, prevê, igualmente, a ocorrência de chuvas intensas, acompanhadas de relâmpagos, nas províncias do Cuanza-Norte, Luanda, Bengo e Cuanza-Sul. De acordo com os dados, disse, a província do Cuanza-Norte registou o maior volume de chuva e por isso teve um alerta “laranja”.

MORTES NO HUAMBO

As chuvas que caíram, nos últimos sete dias, em algumas localidades da província do Huambo, causaram a morte de seis pessoas e desalojaram dezenas de famílias, informou, ontem, a Angop.

Numa nota de imprensa, o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros explicou que uma das vítimas foi em consequência de uma descarga atmosférica, enquanto as outras cinco foram por desabamento de parede de residências. As tragédias, com base no documento, ocorreram nos municípios do Bailundo, Caála e Longonjo. De realçar que, entre 15 de Setembro a 28 de Novembro, o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros na província do Huambo registou a morte de 60 pessoas e ferimentos de outras 51, como resultado das chuvas torrenciais acompanhadas de fortes ventos e descargas atmosféricas.

DESTRUIÇÃO DE BENS MATERIAIS NO CUANZA-SUL 

A chuva que caiu entre às 21h00 de domingo às 13h00 de ontem, causou muitos estragos na cidade do Sumbe, no Cuanza-Sul, como inundações de estabelecimentos escolares, unidades hospitalares e algumas residências.

De acordo com balanço provisório dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), a intensidade da chuva levou ao transbordo do rio Cambongo, o que provocou o desabamento de quatro residências no Sumbe, causando dois feridos, a inundação do Hospital Pediátrico do Cuanza-Sul, obrigando a transferência de 154 pacientes internados para o Hospital Geral do Sumbe.

O comandante provincial adjunto do SPCB disse que a chuva afectou duas mil famílias e como tal 11 mil cidadãos estão ao relento. Mário Calei adiantou que a chuva inundou, também, sete escolas, duas Igrejas e provocou o deslizamento de terras ao longo da Estrada Nacional 240, que liga a cidade do Sumbe à Gabela.

Entre as instituições mais afectadas por inundações, realçou, estão o Instituto Médio Politécnico do Sumbe e a escola do I Ciclo do ensino secundário “4 de Abril”. As localidades mais afectadas, adiantou, foram as de Kissala, Dinga Horta, Bairro Novo, São João e Sandinos.

O administrador do Sumbe, Adérito Jorge, considerou preocupante o cenário e lamentou a falta de meios para acudir as pessoas. “Estamos a viver uma situação difícil, sem meios para responder à urgência”.

TRANSTORNOS SÃO REGISTADOS NA CAPITAL

Casas inundadas, estradas alagadas e ruas intransitáveis é o cenário que se vislumbra em alguns municípios da cidade de Luanda, devido à chuva que caiu ontem, fazendo com que muitos munícipes fiquem presos dentro das residências.

O município de Viana e o do Cazenga foram dos mais afectados. Em Viana, de acordo com relatos, os moradores da área próxima à Bacia do Coelho perderam o sossego nas primeiras horas da madrugada de ontem. A chuva causou inundações de muitas residências, bem como de uma das igrejas Católicas na circunscrição. “A situação aqui está difícil, não conseguimos sair de casa. Tem muita lama e lixo por todo o lado. A bacia de retenção do Coelho é o que mais nos preocupa. Temos medo que cause muitos problemas aos cidadãos. Há até vizinhos que abandonaram as casas. É uma lástima”, lamentou Mário Joaquim.

O município do Cazenga foi também um dos mais afectados com as últimas chuvas. Os moradores da rua do Kizanga, na 5ª Avenida, defronte ao mercado do Asa Branca e da rua das Comissões, estão a viver dificuldades. A chuva, explicaram, inundou várias casas. Outras, os proprietários preferiram abandonar para se abrigarem em casas de familiares, ou de amigos.

Na Samba, no sentido Antigo Controle-Mutamba, a chuva também “arrastou” a areia dos bairros adjacentes até à estrada principal, ao ponto de causar um ligeiro congestionamento aos automobilistas. Além da areia, o lixo também criou dificuldades na deslocação rodoviária. Ao longo da via era visível algumas valas de escoamento entupidas e com uma quantidade elevada de lixo.

Um cenário idêntico foi registado, igualmente, noutros bairros como o Calemba II e Sapu II.

Celeste de Melo

DESCARGA ATMOSFÉRICA MATA NO LOBITO

Um cidadão morreu e outro ficou gravemente ferido, devido às descargas atmosféricas causadas pelas chuvas que caíram no final de semana, nos municípios do Balombo e da Ganda, revelou, ontem, o porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros.

Jorge David explicou que o malogrado, Belchior Kuando, de 38 anos, era residente do Balombo e estava em casa quando foi atingido pelo relâmpago. “Já a outra vítima, que sofreu apenas ferimentos, foi Beni Maurício, de 26 anos, residente na vila da Ganda, atingido pelo relâmpago quando manuseava o telemóvel em casa”, disse, adiantando que a vítima foi prontamente evacuada para o Hospital Municipal da Ganda. “A equipa médica garantiu que ele está estável, mas carece de algum cuidado”.

O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros em Benguela, realçou, tem estado a alertar os cidadãos a absterem-se do manuseio de aparelhos electrónicos, sobretudo telemóveis, enquanto estiver a chover, bem como a não se abrigar debaixo de árvores, ou estacionar debaixo destas ou de postes eléctricos.