Apesar de já ter completado 42 anos de efectividade, quando a legislação vigente estabelece um limite de 30 anos, o Director de Inspecção da Delegação Provincial do Ministério do Interior (Minint) no Uíge, Superintendente de Investigação Criminal Egilo Ernesto, continua no cargo. A situação tem levantado críticas internas, sobretudo porque outros oficiais da mesma geração já foram oficialmente notificados e colocados na reforma.

Segundo os efectivos o ambiente de trabalho é marcado pela insatisfação e por episódios de humilhação, onde queixam-se do que classificam como arrogância no trato com subordinados, comportamento que, afirmam, torna a rotina profissional “cara e desgastante” para quem trabalha sob sua direcção.

De acordo com as fontes, o nome de Egilo Ernesto chegou a integrar uma lista de notificação para reforma durante a gestão do falecido Delegado Monteiro Matias Francisco dos Santos. No entanto, funcionários alegam que o seu nome foi posteriormente retirado após intervenção do chefe da área administrativa, Júlio Chita, apontado como seu braço direito e principal aliado interno. Recentemente, com a reforma de ex-directores das áreas de Informação e Análises, Infraestruturas e Equipamentos, e Telecomunicações, voltou a circular a versão de que o Director de Inspecção terá recorrido a instâncias superiores em Luanda com o objectivo de se manter no cargo.

Outro ponto de desconforto entre os efectivos é a alegada figura de “Delegado Adjunto” que o Director aparenta assumir, posição que, segundo denunciantes, não existe na estrutura formal das delegações provinciais do Minint o que entendem como “mais um sinal de actuação fora dos padrões administrativos”.

Fontes ouvidas pela nossa redacção sublinham que qualquer permanência para além dos limites legais deve ser sustentada por actos administrativos públicos e devidamente fundamentados. A falta de esclarecimentos oficiais tem alimentado suspeitas de favorecimento e de possíveis irregularidades nos procedimentos internos.

Os efectivos pedem que a Direcção de Recursos Humanos do Minint e outras instâncias competentes prestem esclarecimentos sobre os critérios aplicados nas recentes notificações de reforma e sobre a eventual tramitação de recursos por parte do Director de Inspecção.

Enquanto persistirem dúvidas e ausência de transparência, afirmam os efectivos, a permanência do Director continuará a gerar desconfiança e a deteriorar o ambiente de trabalho. Os trabalhadores exigem respostas claras e aplicação rigorosa e igualitária das normas que regem as carreiras militar e policial. Defendem ainda que a sociedade e os órgãos de fiscalização têm o direito de saber se houve tratamento diferenciado e quais os fundamentos legais que justificam a continuidade de Egilo Ernesto no cargo, caso existam.

A redacção tentou sem sucesso obter uma posição oficial da Delegação Provincial do Minint no Uíge e da Direcção de Recursos Humanos em Luanda.

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