A recente suspensão do membro da UNITA Domingos Palanga, com uma das sanções menos gravosas previstas nos Estatutos do Partido, deliberada pelo Conselho Nacional de Jurisdição — órgão soberano na interpretação das normas internas, sempre em alinhamento com o quadro legal da República de Angola, é um acto plenamente enquadrado na legalidade, o que demonstra a maturidade institucional do partido e a centralidade da lei como guia das suas decisões.

Contudo, permanece um fenómeno preocupante na arena política angolana: o hábito de “falar no vazio”. Uma prática recorrente, herdada da velha escola política, que insiste em transformar conjecturas em verdades e discursos vazios em narrativas oficiais. É precisamente este vazio argumentativo que confunde cidadãos, distorce factos e dificulta a compreensão clara dos acontecimentos políticos no país.

A UNITA, desde a sua fundação, traz inscrita a marca da democracia republicana — uma democracia que coloca a lei acima de qualquer pessoa, sejam militantes, dirigentes ou simpatizantes. Esta matriz identitária tem guiado a codificação da vida pública do partido, distinguindo-o de forma clara da lógica de poder que sustenta o regime à margem da legalidade e da legitimidade.

Por isso, insistir em interpretações deturpadas de decisões internas, ignorando os instrumentos jurídicos que as sustentam, não contribui para o fortalecimento da democracia, nem ajuda o país a avançar. Pelo contrário, alimenta ruídos, promove desinformação e torna ainda mais difícil o debate político sério e responsável.

Num momento em que Angola precisa de clareza, rigor e instituições robustas, torna-se necessário abandonar o hábito de falar sem fundamento e, em vez disso, regressar ao essencial: a verdade dos factos, o respeito pelas normas e a honestidade intelectual no espaço público.

A crítica é saudável. A contradição é legítima. Mas sem base legal ou factual, transforma-se apenas em ruído. E ruído não constrói democracia — sabota-a.

OBRIGADO!

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