O país poderá contar com uma siderurgia nacional, que terá como finalidade acrescentar mais valor a todo o minério de ferro extraído em solo angolano. A intenção para a construção deste projecto industrial foi avançada, ontem, em Moçâmedes, província do Namibe, pelo Presidente da República, João Lourenço, minutos depois de inaugurar os novos terminais de Contentores e Mineraleiro do Porto do Namibe.

O Presidente João Lourenço, que chegou à cidade de Moçâmedes às 23h00 de quinta-feira, proveniente de Bruxelas, onde representou o continente africano no Fórum Global Gateway 2025, na sua qualidade de líder em funções da União Africana, esclareceu que a construção do novo Terminal Mineraleiro do Porto do Namibe não se destina, apenas, à recepção dos minérios oriundos do interior do País, precisamente das províncias da Huíla, Cubango, Cuando e do próprio Namibe, mas, também, para servir de base para a construção dessa indústria nacional de siderurgia.

“Eu gostaria de dizer que Angola está de parabéns, em particular a província do Namibe, que acaba de ganhar novas infra-estruturas de muito elevada importância. Acaba de ganhar um terminal de contentores novo e moderno e um terminal mineraleiro, ali no Sacomar, onde pretendemos não apenas receber os minérios que venham do interior do país, das províncias da Huíla, do Cubango, do Cuando, da própria província do Namibe, mas, também, desenvolver um projecto industrial de construção de uma siderurgia nacional, que terá a finalidade de acrescentar valor ao minério de ferro extraído não só nas minas de Cassinga, mas em quaisquer outras localidades onde se possa explorar o minério de ferro”, declarou o Presidente da República, quando falava à imprensa sobre o impacto daquelas infra-estruturas para o País.

O Presidente João Lourenço fez saber que o Projecto Integrado de Desenvolvimento da Baía de Moçâmedes, que engloba os novos terminais de Contentores e o Mineraleiro do Sacomar, compreende, ainda, a requalificação da Marginal da Baía do Namibe. “Portanto, dentro de anos vamos ter uma cidade de Moçâmedes com uma face completamente nova, moderna e com infra-estruturas que, com certeza, vão contribuir para o desenvolvimento económico não apenas da província como do País”, ressaltou o Chefe de Estado.

Com a inauguração dos dois terminais, o Chefe de Estado disse que o passo a seguir será o da integração delas com outros módulos de transporte, no caso o rodoviário e o ferroviário, sublinhando que o Caminho-de-Ferro de Moçâmedes tem que estar integrado com essa infra-estrutura portuária. “Creio que o ministro terá falado no lançamento do concurso que vem aí para a concessão do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes. Portanto, esta integração será feita já no quadro desta concessão para que um operador privado possa então operar o Caminho-de-Ferro de Moçâmedes”, frisou.

Outro alvo que deverá merecer atenção do Executivo, tal como assegurou o Presidente da República, será a cabotagem (transporte de carga por via marítima entre portos de um mesmo país), uma necessidade levantada por vários empresários do Namibe que actuam neste segmento. João Lourenço deu a conhecer que o assunto em causa constitui uma preocupação do sector dos Transportes, que tem vindo já a adquirir, desde os últimos anos, meios para a ligação das várias cidades costeiras com portos.

Tendo em conta os investimentos feitos nas infra-estruturas portuárias do país, o Presidente da República disse fazer todo o sentido que elas estejam interligadas, ou seja, que a cabotagem possa distribuir cargas entre umas regiões e outras. “Cargas daqui do Sul para o Lobito, do Lobito para Luanda, para o Soyo, para Cabinda, portanto, a preocupação dos empresários é justa. O ministro dos Transportes está aqui, está a ouvir, eu sei que a cabotagem entre Luanda e Cabinda é um facto, já existe, mas é preciso cobrir toda a costa e não ficarmos apenas pelo Norte do país”, apelou o Presidente, lembrando que a costa marítima nacional é vasta, medindo cerca de 1.600 quilómetros.

Incentivo aos empresários

O Chefe de Estado ressaltou que a construção dos novos terminais constitui, ao mesmo tempo, um apoio aos empresários, que se queixam do mesmo problema para dinamizarem as suas actividades. “Não pode haver apoio maior do que este”, acentuou o Chefe de Estado, apelando, por isso, à classe empresarial a ir à luta e a não contar com apoios indefinidos. “Há concorrência entre eles, uns têm mais sucesso, outros têm menos sucesso, mas a vida privada é mesmo assim. O sector privado é um sector de risco. Quem se mete no negócio privado tem que ter noção disso, que deve procurar ser melhor que os outros para poder ter sucesso”, encorajou o Presidente da República.

João Lourenço aproveitou a ocasião para felicitar todos quantos estiveram envolvidos na conclusão dos novos terminais de Contentores e do Mineraleiro, com destaque para a Toyota Tsusho Corporation, à Toa Corporation, ambas do Japão, e aos bancos, quer japoneses, quer sul-africanos, por terem concedido o financiamento que permitiu a construção daqueles projectos, que começaram a ser falados em 2019 e a primeira pedra lançada, efectivamente, em Setembro de 2022.

Você não pode copiar o conteúdo desta página