O presidente cessante do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, vê o seu império de poder a se desmoronar. O mais recente exemplo disso é o cenário insólito de cobrança que agitou o Condomínio Boa Vida, em Luanda, na manhã desta quarta-feira, 3 de Setembro.
Conforme ilustram as imagens divulgadas pelo Club-K, o empresário Mateus Queta Filipe, da empresa Super Five LDA, deslocou-se ao local com dois automóveis de reboque para reaver carros de luxo que estão em posse do Juiz Conselheiro demissionário Joel Leonardo há mais de sete anos, sem pagamento.
Conforme Club-K, são quatro viaturas e foram distribuídas da seguinte forma: duas para Joel Leonardo e sua esposa, uma para o filho e outra para uma terceira pessoa com quem o magistrado mantinha relação pessoal.
Cansado da falta de pagamento e ciente da renúncia de Joel Leonardo, o empresário decidiu agir pessoalmente. Ao chegar ao condomínio com os reboques, foi impedido de entrar pelos seguranças do magistrado. A confusão à porta do edifício fez com que o ex-presidente do Tribunal Supremo se recusasse a sair de casa e a receber o empresário.
Nomeado em de Outubro de 2019 por João Lourenço, Leonardo entrou para a história, não pela justiça, mas pelas perseguições, expulsões arbitrárias e pela criação de uma rede mafiosa dentro da justiça angolana.
Funcionários antigos foram afastados, famílias inteiras perseguidas e, nos bastidores, instalou-se um esquema de venda de sentenças e desbloqueio de contas bancárias. Fontes garantem que Joel Leonardo gabava-se de ser “intocável”, afirmando que o Presidente da República jamais o afastaria porque carregava segredos comprometedores do próprio regime.
Mas, como refere Agita News, o que parecia poder absoluto transformou-se em ruína. O “carma” chega como resposta às humilhações contra o ex-ministro Augusto Tomás, que em pleno julgamento lhe atirou em tom profético: “Quem não deve não teme. Deus sabe a verdade e peço ao Pai que vos perdoe a todos”.
Hoje, Joel Leonardo é apontado como símbolo da corrupção no sistema judicial e alvo de crescente revolta popular. O homem que manipulava processos em nome do poder enfrenta agora o peso das suas próprias práticas.
De juiz supremo a réu da opinião pública: o “intocável” caiu.