A Estrada Nacional 220 que liga a província de Luanda com Uige está a degradar-se a um ritmo acelerado, com a multiplicação diária de buracos. Em poucos anos da sua existência, o troço apresenta um estado deplorável deixando agastado milhares de automobilistas que circulam nesta rota.

O intenso tráfego de veículos Luanda Uige ou vice-versa, “a falta de manutenção adequada, quando se juntam a má gestão, falta de planeamento integrado e falta de fiscalização contribuem para o agravamento da situação”.

A combinação desses factores tem contribuído para a precariedade da estrada, o que impacta negativamente a segurança, a eficiência e o desenvolvimento econômico da região.

O cenário mostra que a falta de qualidade da pavimentação da estrada influência no preço dos fretes, e consequentemente, no preço dos produtos para o consumidor final.

Os principais pontos críticos registrados nesta estrada, incluem quedas de barreiras, erosões, buracos grandes e pontes estreitas.

“Tratam-se de problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte”, alerta o comerciante Cardoso Kiombo.

 “A falta de infraestrutura e as condições precárias da estrada prejudica o dia-a-dia do motorista”, acrescenta o comerciante que aponta, o troço Caxito a ponte do rio Dange, como áreas bastantes constrangedoras nesta via.

As péssimas condições desta estrada, estão a deixar agastados muitos automobilistas de longo curso, numa altura em que o Governo diz estar em marcha um plano para a reabilitação de vias rodoviárias.

O condutor de viatura pesada Brito Paulo, lamenta os riscos a que estão sujeitos com as actuais condições das estradas.

“Há muitos constrangimentos, há muitos acidentes por causa dos buracos grandes. É um problema muito grave”, diz ele lamentando o silêncio das autoridades governamentais.

“Não sabemos qual tem sido a intervenção dos governadores do Bengo Uige, junto do Governo central para exporem esta situação que deixa cada vez mais pobre estas províncias”, acrescentou.

José Kifuando um outro camionista diz ser triste que os automobilistas estejam obrigados a pagar o imposto de veículos automóveis (IVM), com poucos reflexos na melhoria das estradas.

“Se tivermos um carro baixo toda a hora a bater naqueles buracos com certeza que também vai diminuir a durabilidade do veículo”, refere.

A degradação da estrada que se agrava em pouco tempo de vida útil, é um problema que se coloca na manutenção das vias do País, diz o especialista em obras públicas, Carlos Baião, para quem é necessário uma outra abordagem.

“Por melhor que tenha sido executada uma determinada via, uma determinada estrada, ela entrará em desgaste com o tempo através da falta de manutenção, através do clima, variação de temperaturas, através do tráfego de veículos pesados, que se adopte uma medida preventiva de modo e intervirmos periodicamente na manutenção das nossas estrada”, defende.

A estrada Uige Luanda, além de representarem uma ameaça de acidentes os buracos nas vias danificam os caminhões de várias formas: reduzindo a vida útil do caminhão, causando problemas na suspensão e alinhamento, desgastando os pneus.

“Os números de buracos são quase incontáveis e as reclamações dos automobilistas parecem não estar a ser ouvidas. Há muito que se tem reclamado, as autoridades compentes não querem saber”, lamenta o funcionário público, Ernesto Kumaco da Silva, que aproveitou final-de-semana, para visitar à família na cidade do Negage.

Motivo de grande apreensão e reclamação por parte dos turistas e outros viajantes, os buracos nesta estrada considerada problemas persistentes e bastante incômodos, isso porque os buracos nos asfaltos estão directamente ligados com a vida útil da suspensão do veículo.

“Além das consequências materiais causadas no veículo, os buracos podem causar acidentes graves e até mesmo fatais, isso por conta dos desvios feitos para evitá-los”, observa Carlos Manuel, que faz esta via semanalmente.

Os que frequentam a estrada entendem que não há vontade, nem interesse em resolver os problemas do povo, por parte das autoridades angolanas.

“O problema de Angola nunca foi, e não é, a falta de dinheiro, mas a combinação da falta de ambição coerente sobre os projectos para o futuro, da incompetência crónica na execução e manutenção e do vício do roubo do erário público”, aponta o economista Esteves Buato.

Os automobilistas disseram que em tempo de chuva, tem sido mais difícil circular nesta estrda.

“Antigamente Uige Luanda era um troço percorrido em pouco tempo, hoje um caminhão chegar a demorara 12 a 13 horas para chegar na cidade do Uige”, reclamam os automobilistas.

O estado da estrada tem sido tema de debate em vários círculos e muitas das vezes por causa da questão do escoamento de produtos agrícolas das zonas rurais para os centros urbanos, já que o Executivo tem reiterado a decisão da aposta na produção local.

Várias empresas de transporte de passageiros chegaram a anunciar a suspensão de algumas ligações entre províncias devido ao estado de conservação das vias.

“As empresas que transportam passangeiros estão triste com a estrada. Já fizeram chegar reclamações aos órgãos competentes, o silêncio permanence”, disse um funcionário do Governo da província do Uige.

Em vários troços críticos, são encontrados jovens a taparem buracos para cobrarem alguns valores monentários aos motoristas.

“Estes jovens fazem um belo trabalho e nós temos ajudado, já que o Governo tem muitas dificuldades para reabilitar as vias”, informou o motorista, Domingos Pedro.

MILHÕES DE DOLÁRES PARA ESTRADAS DESCARTÁVEIS

A sociedade civil, políticos e a população em geral, estão contra os gestores públicos que “recebem orçamentos bilionários para fazerem estradas discartaveis”.

Segundo estes, decorridos poucos anos, a estrada apresenta um estado deplorável.

“A estrada tem vindo a degradar-se a um ritmo acelerado, com a multiplicação diária de buracos. É um pesadelo para os motoristas”, lamentam.

“A qualidade das estradas executadas por empresas chinesas em Angola deixa muito a desejar”, desabafa o economista Domingos Paulo Soki, frisando que apesar de permitirem a circulação de pessoas em bens, são de péssima qualidade.

 “Só demonstra que o processo de fiscalização das obras públicas levado a cabo até então foi um processo falhado. Isso engloba não só as habitações como as próprias estradas”, destaca.

DIZ QUE OS EFEITOS DA MÁ QUALIDADE

“Os materiais utilizados não são de primeira linha em termos de industrialização. As reparações e as manutenções são constantes porque o material utilizado não é de grande qualidade. Vemos isso nas fechaduras, nos mosaicos, nas paredes”, explica

O economista Francisco Leite da Silva, aponta também a corrupção como estando na base da fraca qualidade das obras. “Todos se aproveitam dos negócios do Estado para se enriquecer”, lembra.

“Aqui legalizou-se os 10% dos contratos das empreitadas. Quer dizer que quando uma empresa assinava um contrato de investimento tinha a obrigação de devolver mais 10% ao Estado”.

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