De acordo com informações disponibilizadas, com a excepção de 1974, o MPLA jamais realizou um congresso com mais de uma candidatura para a presidência do partido, o que levanta excessiva expectativa em relação ao conclave que se aproxima a passos largos, dado a abertura constante no actual estatuto da organização. Diferente do antigo presidente da Assembleia Nacional, que tem sido apontado como possível candidato, mas que se relegou para um silêncio sepulcral, o general Higino Carneiro não esconde a intenção e já deu o tiro de largada auscultando cidadãos. Entretanto, para diferentes segmentos, o encontro convocado pelo presidente João Lourenço com os primeiros secretários dos CAPs é uma demonstração “clara” de que “ainda está presente” e pretende atrair os quadros a sua volta.

O MPLA, partido governante, vai realizar em Dezembro próximo, um Congresso Extraordinário, cuja razão ainda é desconhecida pelo grande público.

A decisão saiu da 10ª Reunião Extraordinária do Secretariado do Bureau Político dos ‘camaradas’, realizada a 21 de Junho deste ano, na sede do partido, sita na Avenida Ho Chi Minh , em Luanda.
Embora as regras do conclave ainda não tenham sido aprovadas, é visível a agitação no seio dos ‘camaradas’ desde o anúncio do congresso, sobretudo por parte de quadros que almejam liderar a organização.

O antigo presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos ‘Nandó’, mantém-se em silêncio sepulcral, mas sabe-se lá por que ‘carga de água’, tem sido apontado como estando a ponderar uma candidatura à liderança do partido.

O general e antigo governador da província de Luanda, Higino Carneiro, não esconde a pretensão, e tem publicamente manifestado o desejo de vir a liderar o partido.

Há três semanas, o político foi visto a sul de Luanda, liderando um encontro com jovens, que, de acordo com fontes, visou não só auscultar, como também dar a conhecer suas perspectivas, visando preparar o caminho para uma eventual candidatura a presidente do MPLA.

Devidamente assessorado, Higino Carneiro tem encetado acções tidas como acto de marketing político, que visam preparar sua imagem para desafios mais altos, e a opção voluntária em perdoar a influencer digital Neth Nahara, que o acusava de transmissão dolosa de HIV; associado à apresentação pública de um manifesto com uma agenda de consenso nacional, acabam por dar suporte às narrativas enunciadas de ambições presidenciais.

Entretanto, desengane-se quem pense que o presidente João Lourenço esteja apenas a ver o navio a passar.

Na tarde dessa terça-feira, 20, fez destaque na imprensa a convocação por parte de João Lourenço, de uma reunião para segunda-feira próxima (26.08) com os primeiros secretários dos Comités de Acção do Partido (CAPs). O acto é inédito e ocorre pouco tempo depois do fim do processo das assembleias de balanço e renovação de mandatos dos referidos comités.

De acordo com os ‘camaradas’, o objectivo é fortalecer as bases e aperfeiçoar a inserção do partido na sociedade. Mas para certos observadores, a estratégia do líder do MPLA é inequívoca e deverá transmitir aos quadros que o pretendem substituir, de que está “muito bem avisado”, e que não será ‘pera fácil’.

De referir que os primeiros secretários dos CAPs jogam um papel bastante relevante na mobilização de novos militantes e na mobilização de militantes existentes para uma determinada causa, dada a influência que desempenham junto dos quadros, e tem meio caminho para a vitória eleitoral interna quem tem ao seu lado estes jovens que tornam os MPLA mais poderoso a nível das comunidades. CK

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