O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, terá sido enganado pelo presidente do Conselho de Administração do consórcio Quanten Angola, Segun Thomas, relativamente ao financiamento para a construção da refinaria do Soyo, na província do Zaire.
Em Maio de 2022, João Lourenço recebeu a garantia, durante uma audiência que concedeu ao PCA do consórcio Quanten Angola, empresa que venceu o concurso para a construção da refinaria do Soyo, de que tudo estava preparado para o início do projecto. No entanto, esta promessa revelou-se infundada.
Já em Dezembro do mesmo ano, Segun Thomas assegurou, numa entrevista publicada pelo semanário Expansão, que o consórcio Quanten Angola não receberia qualquer financiamento do Governo angolano, e que os fundos para a construção da refinaria do Soyo proviriam de fontes externas ao pais. Até ao momento, isso não se concretizou.
Ontem, terça-feira, 11, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, anunciou que o Governo angolano está a ponderar rescindir o contrato com o consórcio Quanten Angola devido a dificuldades de financiamento.
Segundo o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, o consórcio Quanten Angola “enfrenta grandes dificuldades em obter financiamento para o projecto da refinaria do Soyo”.
Tudo está pronto em termos de projecto e área, mas a empresa tem dificuldade em obter financiamento. Demos um prazo à empresa e, caso não consigam, teremos de rescindir este contrato e procurar alternativas”, referiu Diamantino Azevedo durante a audição parlamentar realizada pela Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional.
O consórcio liderado pela Quanten ganhou, em 2021, um concurso público internacional para a construção da refinaria do Soyo. É constituído por quatro empresas, sendo três norte-americanas (a líder do consórcio Quanten LLC, a TGT INC e a Aurum & Sharp LLC) e uma angolana (ATIS Nebest).
Com uma capacidade de processamento até 100 mil barris de petróleo bruto diários, previa-se que a construção da refinaria do Soyo, avaliada em 3,5 mil milhões de dólares, fosse concluída em 2025.
A refinaria, a ser construída numa área de 712 hectares a sudoeste do Soyo, previa contar com unidades de processamento e aprovisionamento de petróleo bruto, instalações de transporte e um cais com capacidade para ancorar dois petroleiros com até 100 mil toneladas de petróleo bruto.
O projecto prevê, ainda, a construção de uma zona residencial para mil empregados, uma estação de produção e tratamento de água potável e residual, um aterro sanitárlo de resíduos e uma central eléctrica.